“Trafegar pela BR-262 no trecho entre Três Lagoas e Águas Claras pode ser tornar uma aventura perigosa. É o que denunciam motoristas de carga pesada que, rotineiramente, cruzam uma das mais importantes rodovias de escoamento da safra do MS”.

O texto acima é a abertura de reportagem do Midiamax de um ano e dois meses atrás, publicada no dia 15 de abril de 2011.

A reportagem prosseguia: “O constante trabalho de conservação a cargo da empreiteira CGR não evita que o leito da rodovia esteja sucateado, colocando em risco os caminhoneiros, ônibus com passageiros e automóveis”. (Veja depoimentos em vídeo)

Agora, em junho de 2012, o procurador da República Leonardo Augusto Guelf determinou abertura de inquérito para investigar a falta de “trafegabilidade e segurança” na BR-262, no mesmo trecho denunciado anteriormente – de Água Clara a Três Lagoas.

Pelas atuais condições da rodovia no trecho investigado, o MPF não terá muito trabalho para encontrar irregularidades e responsáveis. Se os antigos problemas ocorriam quando a CGR estava no auge de suas atividades, agora as condições de trafegabilidade da BR-262 pioraram muito, especialmente depois que a empreiteira entrou em recuperação judicial, em dezembro de 2011, abandonando parte de suas obras no estado.

O contrato do Dnit com a CGR para a manutenção do trecho da BR-262 é antigo, e tem sido reeditado. O último é de R$ 500 mil. Pelo site da Transparência do governo federal é possível ver que a empreiteira recebeu pagamento até maio deste ano, por serviços realizados no final de 2011.

Dnit/MS reeditado edital suspenso

Depois de lançar e cancelar por duas vezes editais para obras de conservação e recuperação da BR-262, no trecho de 325 km que liga Campo Grande a Três Lagoas, com valor de R$ 165 milhões, o Dnit/MS reeditou a licitação para o final de junho.

Esse edital e mais outros sete foram cancelados depois de lançados, em 29 de dezembro de 2011, pelo ex-superintendente do Dnit/MS, Marcelo Miranda. O valor total somava quase R$ 1 bilhão.

Os editais foram suspensos, votaram a vigorar em abril, mas depois a direção do Dnit, em Brasília, recomendou que todas as licitações que tivessem problemas no país deveriam ser suspensas, a critério das diretorias regionais do órgão federal. A diretoria do Dnit em Brasília acatou recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) para que as regionais analisassem melhor o estado das rodovias antes de definirem editais e preços das obras. Agora, Dnit MS relançou dos três editais suspensos, entre os quais o da B-262, que não teve mudança de valor.