As rodovias federais registraram no ano passado o maior número de mortes dos últimos 12 anos. Por dia, 20 pessoas, em média, perderam a vida em acidentes nas estradas em 2009. Durante todo o ano, foram 7.383.

A média continua em alta em 2010. Até junho, 4.068 pessoas já morreram.

Os números são do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), com base em dados da Polícia Rodoviária Federal. Incluem todos os tipos de veículos e atropelamentos.
Em 2009, as vítimas fatais aumentaram 6% em relação a 2008 – quando foram registradas 6.945 mortes.

O índice do ano passado só perde para o de 1997, quando houve 7.530 mortes nas rodovias da União. Em 2003, foram 5.780 mortos na mesma malha viária analisada.

Para o especialista em transportes Claudio Jacoponi, associado titular do Instituto de Engenharia de São Paulo, o aumento tem relação com o crescimento da frota, que foi desacompanhado de investimentos na melhoria das estradas.

Não há consenso entre especialistas do impacto da Lei Seca, de 2008, nos acidentes nas rodovias, pois as blitze se concentram nas cidades.

EFEITO RETARDADO
Um estudo feito por uma consultoria a pedido do governo, finalizado em dezembro, afirma que o número real de mortes nas estradas a cada ano pode ser cerca de 20% maior do que mostram as estatísticas oficiais. Parte das mortes ocorre em hospitais e não é registrada.
O levantamento diz ainda que o aspecto “mais alarmante” é que o salto do número de acidentes está sendo puxado por casos mais violentos, com vítimas. Entre 2003 e 2007 os acidentes de trânsito cresceram pouco mais de 20%, os acidentes com vítimas subiu 35%.
O Dnit diz não saber exatamente as causas para esse crescimento da violência, mas cita estudos que atribuem à condição das estradas uma parcela ínfima dos acidentes: 1%.

O risco de mais mortes nas rodovias federais já era apontado por uma auditoria especial do TCU (Tribunal de Contas da União) quatro anos atrás. Na ocasião, havia sinais de alta nos acidentes, e o tribunal detectou que a causa era o baixo investimento nas rodovias, principalmente em sistemas de controle de velocidade. As estradas foram consideradas ruins, mal policiadas e com número insuficiente de radares.