Em casos de emergência, utilizar os telefones SOS espalhados ao longo da Imigrantes não é a melhor opção para o pedido de socorro. A equipe do Diário testou aleatoriamente 12 equipamentos ao longo da via – seis em cada sentido – e não conseguiu comunicação com a central da Ecovias em nenhum dos aparelhos.

Na maioria dos equipamentos testados, uma gravação diz que o chamado foi recebido e orienta o usuário que aguarde pelo atendimento. Em seguida, o telefone apita repetidas vezes. Em média, a reportagem esperou cerca de cinco minutos em cada call box. Também foram encontrados telefones mudos. Dentro dos túneis, o SOS funciona por meio de botoeira, que deveria emitir luz após o estabelecimento do contato. No Km 55, no entanto, o aparelho estava quebrado e a luz não foi acesa.

Outro problema na rodovia é a falta de locais para atendimento aos usuários. No site da Ecovias, a empresa informa que oferece as bases do Km 56 e Km 62 da Pista Norte e Km 28 da Pista Sul para que os motoristas utilizem banheiro, descansem ou tomem café. A equipe do Diário esteve nos três pontos e constatou que as bases não oferecem área para descanso, bem como fraldário e café. Na base do Km 56, o banheiro masculino estava com problemas de entupimento, e funcionários orientaram o repórter a utilizar o sanitário feminino. A porta estava com problemas na trava e teve de ficar apenas encostada, o que poderia causar situações constrangedoras.
A Ecovias diz que, dos 12 telefones testados, oito estão funcionando. A empresa informa que o tempo médio de resposta é de dez minutos. Nos demais aparelhos, a concessionária reconheceu falhas e prometeu consertá-las. Quanto ao serviço de atendimento ao usuário, a empresa diz que a área de descanso do sistema está localizada no Km 40 da Via Anchieta.

Deputado cobra explicações e ameaça recorrer ao MP

O deputado Orlando Morando, líder do PSDB na Assembleia Legislativa, prometeu protocolar ofício para que a Artesp e a Ecovias expliquem por que a Rodovia dos Imigrantes não tem retorno antes das saídas pedagiadas. O parlamentar, que é membro da Comissão de Transportes, afirmou que irá entrar com ação no Ministério Público caso não julgue satisfatórias as respostas recebidas. Após o protocolamento, as partes têm até 30 dias para se manifestar, segundo o regimento da Assembleia.

“Todas as rodovias paulistas têm um retorno ou uma saída antes do primeiro pedágio. É uma vergonha não ter na Imigrantes. Quem entra na estrada está intimado a pagar”, critica. O deputado cobra que a Artesp tome providências para obrigar a empresa a criar alternativas gratuitas.

Morando também questiona a mudança no limite de velocidade no Sistema Anchieta-Imigrantes em caso de neblina. A partir da semana passada, o motorista que passar de 40 km/h quando a visibilidade for inferior a 100 metros será multado. “Antes de reduzir o limite, a Ecovias deveria dizer o que faz para evitar acidentes. Essa medida é jogar para o usuário a responsabilidade pela redução de tragédias.”
Na opinião do tucano, a concessionária também deveria melhorar o serviço de atendimento ao usuário. “Com o pedágio mais caro do Brasil, eles têm obrigação de oferecer um serviço melhor.”

ENGAVETAMENTO – Em setembro, foi registrado o maior acidente da história da Imigrantes, quando 103 veículos se envolveram em engavetamento. Um caminhoneiro morreu e 51 pessoas se feriram. O acidente ocorreu na altura do Km 42 da Pista Norte, no trecho de São Bernardo.

No início do mês seguinte, uma pessoa morreu e quatro ficaram feridas em outro engavetamento, desta vez ocorrido na Pista Sul da Via Anchieta.

Usuário que se sentir lesado pode fazer denúncia no Procon

O motorista que se sentir prejudicado com o atendimento dado pela Ecovias pode prestar queixas no Procon. A informação é da advogada Ana Paula Satcheki, especialista em relações de consumo e diretora do órgão em Santo André. “Se os serviços oferecidos pela concessionária não funcionam, é possível entrar com ação junto aos órgãos competentes”, explica.

A advogada ressalta, no entanto, que, para que o Procon faça autuação ou acione o Ministério Público, é necessário que grande quantidade de pessoas procurem o órgão. “Se o povo não formaliza as reclamações, fica difícil que haja autuação”, acrescenta.
Segundo a concessionária, são poucas as reclamações formais em relação aos call box. A Ecovias diz ter recebido duas queixas na ouvidoria em 2010 e quatro no ano passado. Neste ano, a empresa informa que apenas um usuário reclamou do serviço de SOS. A concessionária diz que, em 2011, média de 93% dos aparelhos teve funcionamento normal.