Na tarde de ontem, uma pessoa morreu e outras sete ficaram feridas em
um acidente envolvendo uma carreta e um ônibus da linha São João del-
Rei/Juiz de Fora, no km 213 da BR-265, entre o município de Barroso e
a serra de Barbacena. O motorista da Viação Transur Jackson Fernandes
de Souza, 37 anos, morreu na hora, esmagado pelas ferragens. As outras
vítimas, seis passageiros do coletivo e o motorista da carreta, foram
encaminhadas para a Santa Casa de Barbacena, e não correm risco de
morte. Chovia no momento do acidente, e havia crianças no interior do
coletivo. Policiais rodoviários e militares, bombeiros e o Samu de
Barbacena foram empenhados no resgate. Quando o socorro chegou, a
maioria dos passageiros já estava no acostamento, em pânico. O
acidente provocou o fechamento total da BR-265 por pouco mais de duas
horas, causando um engarrafamento de mais de dois quilômetros nos dois
sentidos.

O ônibus, com placa de Juiz de Fora, estava com
todas as 46 poltronas ocupadas, quando saiu de São João del-Rei, às
13h30, rumo a Juiz de Fora. O acidente aconteceu uma hora depois,
quando o coletivo da Transur descia a serra de Barbacena e foi
atingido de frente pelo caminhão, que vinha em sentido contrário. Logo
em seguida, o ônibus continuou descendo, e teve a traseira atingida
pela carreta, que parou em “L”. O ônibus ficou completamente destruído
entre a cabine do motorista e a poltrona número 10.

O
motorista morreu na hora e ficou preso às ferragens. Em fevereiro, ele
faria dois anos na empresa. Jackson era casado e pai de dois meninos,
um de 3 e outro de 16 anos. Ele morava em Santa Cruz de Minas, próximo
a São João-del Rei. A carreta, com placa de Catalão (GO), pertence à
empresa Lenarge – Soluções em Transporte de Granéis Sólidos, com sede
em Sabará. O motorista José Carlos Nascimento, 54, natural de Rio
Piracicaba (MG), não teve lesões aparentes, mas reclamou de dor e
permaneceu internado na Santa Casa de Barbacena.

O auxiliar do
motorista, Joel Aparecido de Oliveira, 34, estava na parte traseira do
ônibus, próximo ao banheiro, quando ocorreu o acidente. Com a colisão,
ele foi jogado para frente, mas não se feriu. “O barulho e o impacto
da batida foram muito fortes. Nasci de novo, mas não tenho como
descrever a perda de meu colega. A gente não espera por isso”, disse o
trabalhador, que, no próximo dia 25, comemora o aniversário do filho
de 8 anos.

Das sete vítimas internadas, a situação mais grave
é a do autônomo Igor Moisés Sthephanovitz, de 31 anos. Ele estava na
poltrona exatamente atrás do motorista e sofreu uma fratura no fêmur,
precisando passar por cirurgia. Segundo a esposa dele, Míriam Cristina
Rocha, 30, ontem Igor apresentava muitas dores, mas estava lúcido.
“Ele disse que, quando fecha os olhos, só consegue ver o acidente.
Está muito traumatizado.” Pai de dois filhos, 4 e 6 anos, o autônomo
mora em Barbacena e estava em São João del-Rei a trabalho.


Outra vítima é a idosa Maria da Conceição Nascimento, 81 anos, que
viajava na segunda fileira do ônibus. Natural de Barbacena, ela tinha
ido a Barroso visitar o irmão. No acidente, machucou o joelho, cortou
parte da orelha e teve estilhaços de vidro pelo corpo. Na Santa Casa,
o neto de dona Maria, Eliberto Carlos Nascimento, 25, contou que ficou
muito nervoso ao saber do acidente e foi correndo ao hospital.


Alívio

Quem escapou da batida ficou aliviado. O produtor
de eventos Diego Guedin, 25 anos, morador de São João del-Rei,
planejava vir a Juiz de Fora ontem para passar as festas de Natal com
a família. Segundo ele, o horário escolhido seria justamente o das
13h30. No entanto, um imprevisto no trabalho o impediu de sair. “Hoje
(ontem) foi um dia em que tudo deu errado. Ainda bem que me atrasei.
Há males que vêm para o bem”, relatou. A mesma sorte teve a engenheira
de produção Sarita Menezes, 29 anos, que costumava vir para Juiz de
Fora no mesmo horário. Porém, ela resolveu voltar para a cidade na
noite de quinta-feira, a pedido do namorado.

Até as 17h30 de
ontem, uma hora depois do horário previsto para o desembarque da
linha, nenhum parente havia procurado a rodoviária de Juiz de Fora ou
o guichê da Transur no terminal em busca de informações. O gerente da
Sinart, empresa que administra o espaço, Arthur Bittencourt, destacou
que, em caso de acidente, todas as medidas são tomadas pela empresa
que fazia o translado. Ninguém da Transur foi encontrado ontem para
falar oficialmente sobre o acidente.