O cidadão, proprietário de um automóvel, uma caminhonete ou um furgão, se quiser enfrentar a Rodovia do Sol, principalmente no trecho chamado de Praia do Sol, que compreende o trecho de Guarapari a Meaípe, desembolsa a quantia de R$ 6,80. Em toda a rodovia, com duas praças, a partir da Terceira Ponte, com o pedágio de R$ 1,80, são 67,5 km. No entanto, o que o cidadão vai passar a perceber, a partir do leilão realizado para a concessão da BR-101, é que paga muito caro para trafegar.

Em relação à BR-101, o consumidor pagará pelo menos três vezes mais do que o valor de R$ 0,03 por quilômetro, valor estipulado no processo de licitação ganho pela Ecorodovias, na última quarta-feira (18). O valor oferecido pela RodoSol ao consumidor é maior, inclusive, do que a tarifa-teto estipulada pelo governo, de R$ 0,06.

Para trafegar na BR-101, o consumidor terá direito a passar por sete praças e tirar do bolso a quantia de R$ 16,00. O valor não é alto, se pensado na quilometragem. São 475,9 km, sendo 458,4 somente no Espírito Santo. Desde o resultado do leilão, a conta já começou a ser realizada pelos proprietários de veículos. Por 67,5 km na RodoSol: R$ 8,60. Por 475,9 km na BR 101: R$ 16,00. Isto significa que o preço inicial das praças de pedágio da BR envolvem 408,4 km a mais do que a RodoSol, onde o consumidor terá que pagar R$ 0,10 por quilômetro rodado.

Além do disparate em relação ao preço da jovem RodoSol, os desgastes são bem menores do que os da velha BR litorânea, que admite o tráfego de veículos mais pesados. As duas também são pontos de intercessão turística. O sistema portuário, porém, é um utilizador em potencial da BR, pois cargas transportadas para os portos de Vitória, Açu (RJ) e Ilhéus (BA) são constantes. Vale lembrar que BR-101 passa pela ArcelorMittal Tubarão e por uma fábrica de celulose da Fibria, município de Aracruz. O trecho da concessão termina no município de Mucuri (BA), local onde a empresa Suzano produz celulose.

Ecorodovias

O vencedor do processo foi o consórcio Rodovia da Vitória. A empresa de infraestrutura logística Ecorodovias, que já conta com cinco concessões pelo País, lidera o grupo. A ganhadora apresentou um valor com 45,63% de deságio em relação à tarifa-teto. Os valores de cada praça variam entre R$ 2,22 e R$ 5,18.

Durante os 25 anos de concessão, a previsão de investimentos na rodovia é de R$ 2,14 bilhões. Para ampliações, estão previstos R$ 1,34 bilhão e, para manutenção, R$ 796 milhões. Está prevista a duplicação de metade da extensão da rodovia até o sexto ano da concessão. A outra metade será duplicada até o décimo ano. Também fazem parte do consórcio a CR Almeida e a italiana Impregilo. Os pagamentos de pedágios são administrados pela Elog, que também é ligada ao grupo.

Rodovia do Sol

A concessão do sistema Rodovia do Sol por parte do governo do Estado do Espírito Santo à Concessionária Rodovia do Sol S/A (RodoSol) foi iniciada em dezembro de 1998. A empresa opera desde o km 0 da Terceira Ponte e termina no km 67,5, em Meaípe, município de Guarapari. O contrato também é de 25 anos. Somente pela Terceira Ponte, diariamente, passam mais de 58 mil veículos. O total administrado é de 15 pistas de cobrança manuais mistas e automáticas, com três pistas reversíveis.

A praça do pedágio Praia do Sol, localizada no km 30 da Rodovia do Sol, no município de Guarapari, foi inaugurada em dezembro de 2000. O local opera com um fluxo médio diário de 6.5 mil veículos nos dois sentidos. O tráfego conta com 12 pistas de cobrança manuais, mistas e automáticas, sendo três pistas reversíveis.

À época, a empresa vencedora do leilão para a concessão dos serviços de administração e operação foi a Servix Engenharia S/A. Atualmente, o quadro da participação acionária é composto da seguinte maneira: Coimex Empreendimentos e Participações Ltda. (38%), Tervap Pitanga Mineração e Pavimentação Ltda. (38%), Urbesa Administração e Participações Ltda. (7,5%), Construção e Comércio Vitória Ltda. (7,5%) e ES 60 Empreendimentos e Participações Ltda. (9%).

O mesmo grupo mantinha interesse na disputa pela BR-101. Um consórcio local, formado pelos sócios da concessionária, incluindo o Grupo Águia Branca (sócio da Trip Linhas Aéreas) e a Contek Engenharia, já havia manifestado na imprensa a intenção em administrar o trecho.