O bloqueio da rodovia Transamazônica completou nesta segunda-feira (09) oito dias, sem que os manifestantes tenham cumprido a promessa de liberar a passagem para caminhoneiros durante o fim de semana.
Desde a última segunda-feira (02), os mil moradores da terra indígena Tenharim do Marmelo, no quilômetro 145 da BR-230, se revezam no protesto por mais verbas para as ações da Funai – Fundação Nacional do Índio em Rondônia e no sul do Amazonas.
O cacique Humberto Terena, uma das sete lideranças indígenas que está em Brasília discutindo o repasse de recursos com representantes do governo federal, diz que os indígenas não entendem a negociação. “A comunidade lá não entende que estamos andando aqui (em Brasília) passo a passo. De um modo geral, eles querem o resultado positivo total. Eles não entendem essa negociação do branco. Acham que o pessoal está enganando a gente aqui”.
O plantonista do Centro de Informações Operacionais da Polícia Rodoviária Federal em Rondônia, Daniel Reis, confirmou que o bloqueio da Transamazônica prossegue sem tréguas há mais de uma semana.
O movimento médio de veículos no local do protesto é pequeno – cerca de 100 por dia – mas a interrupção traz prejuízos principalmente para os habitantes do sul do Amazonas que moram após o local do protesto (tendo Manaus como ponto de partida). Em Apuí, por exemplo, os cerca de 30 mil moradores estão racionando energia elétrica, porque o óleo diesel que movimenta o motor gerador está preso na rodovia.
A reivindicação inicial dos indígenas era de R$ 1,6 milhão, mas eles estão diminuindo esse valor. Terena contou que eles ainda não chegaram a um consenso sobre quais os investimentos imprescindíveis – algo que deve acontecer ainda hoje.
Nesta terça-feira (10), a comissão indígena tem audiência marcada para as 14 horas com o ministro da Educação, Fernando Haddad, e com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, cujo horário ainda não definido.
Os caciques devem passar o dia reunidos com o chefe de assistência da Funai, Slowacki Assis. Na sexta-feira (6), ele afirmou à Radiobrás que quase 100% dos R$ 980 mil previstos no orçamento deste ano para a administração do órgão em Porto Velho (RO) haviam sido liberados.
Disse, também, que a Funai pediria até esta terça-feira um crédito especial para o Ministério da Justiça, para reforçar as ações do órgão em Rondônia e no sul do Amazonas – onde vivem 9 mil indígenas. O valor desse pedido vai depender das negociações com a comissão indígena.