Redução é constatada pela Polícia Rodoviária Federal no primeiro mês de vigor da lei seca

O número de mortes nos 6.581km de rodovias federais que cortam a Bahia foi reduzido em 27,4% e o de acidentes em 9% no primeiro mês de vigor a lei seca. A diminuição das ocorrências foi constatada após a Polícia Rodoviária Federal comparar o número de ocorrências registradas de 20 de junho a 20 de julho deste ano com o mesmo período do ano passado. Embora a avaliação seja com base em números brutos, o chefe da Delegacia da PRF de Simões Filho, o inspetor George Paim, diz que a redução deve ser ainda maior se for levado em consideração que o fluxo de veículos nas rodovias era inferior ao deste ano.

A PRF pretende realizar um estudo mais aprofundado, observando-se o volume de tráfego nos dois períodos avaliados. Levando em conta os dados preliminares, o inspetor Paim diz que a redução foi expressiva e considera que esteja diretamente associada à lei seca. “Geralmente, os motoristas embriagados que se envolvem em acidentes provocam vítimas. Portanto, vejo isso como uma forte sinalização de que os números foram influenciados pela lei seca”, disse. Os dados foram apresentados durante o seminário Segurança no Trânsito – Uma Questão de Atitude, que integra a programação comemorativa aos 80 anos da PRF.

Mais forte do que os números, a campanha da PRF contra a combinação bebida e direção ganha fôlego no depoimento da cabeleireira Jô Ramos, 30 anos. Depois de uma farra entre amigos, aos 25 anos, ela teve a vida por um fio. Hoje, paraplégica, Jô é totalmente a favor da lei seca e lamenta o fato de a própria história não servir de exemplo nem para os amigos. “Todos continuam bebendo e dirigindo. As pessoas não costumam acreditar que pode acontecer com elas. Sugiro aos infratores que vivam um dia de cadeirante para se conscientizarem do que um acidente é capaz”, diz Jô.

Excesso de velocidade- No dia do acidente, ela ocupava o banco do carona após ter saído com dois amigos. Na volta para casa, em uma madrugada chuvosa, o condutor não economizou na velocidade e o carro capotou. “Eu não usava cinto, o carro capotou por várias vezes. Fui arremessada para fora e ele virou em cima de mim”, conta. O choque veio logo em seguida, ao tentar levantar e constatar que não tinha força nas pernas para sair do lugar. “Na hora não pensei em nada, o problema vem depois. É preciso que as pessoas tenham consciência de que uma atitude imprudente pode lhe trazer danos para o resto da vida”, diz.

Jô, que reconhece sua parcela de culpa no acidente por ter aceitado entrar em um carro em que o motorista estava alcoolizado. Apesar do susto, depois de seis meses conseguiu retomar a rotina e, hoje, do jeito que pode, tenta levar uma vida normal. Trabalha, cuida do filho, namora e mantém a vaidade. Entre as muitas mudanças que a vida lhe impôs, lamenta não poder mais desfilar com os salto altos que tanto gostava. “É uma vida real, mas de sacrifícios”, conta. Se pudesse voltar no tempo, diz que não teria entrado no carro. Mas, por enquanto, a máquina do tempo está disponível apenas em filmes. Por isso, ela não se abate e usa seu exemplo para alertar aos amigos os riscos da combinação álcool e direção. Enquanto a população chama a lei de seca, ela usa o bom humor para fazer graça com a situação: “Seca é o depois, é isso aqui”, diz.

De 20/06 a 20/07 de 2007
Acidentes: 667
Mortes: 62

De 20/06 a 20/07 de 2008
Acidentes: 608
Mortes: 45

Frota na Bahia:
Junho de 2007: 1.673.394
Junho de 2008: 1.860.876