Belo Horizonte – Os empresários da região do Baixo Mucuri, no nordeste de Minas Gerais, se preparam para uma pequena revolução. A chegada do asfalto aos municípios de Novo Oriente de Minas, Pavão, Crisólita, Águas Formosas, Fronteira dos Vales, Machacalis e Bertópolis deverá melhorar o abastecimento, baratear fretes e deixar mais confortável a vida das comunidades.

Mas, para garantir que desenvolvimento seja o resultado da melhoria de acesso, as comunidades precisam se preparar. “Pode ocorrer uma evasão de divisas ainda maior do que já acontece. As famílias saem de suas cidades para um centro regional para fazer suas compras, por exemplo”, explica o técnico do Sebrae de Minas Gerais na região, João Paulo Palmieri.

A Instituição, junto com as prefeituras dos municípios, Banco do Brasil e Emater, está estimulando o empreendedorismo local para evitar o problema. Entre os dias 23 e 27 de abril foi realizada a primeira Semana do Empreendedorismo do Baixo Mucuri, na cidade de Águas Formosas.

Técnicos do Sebrae de Minas fizeram atendimento individual a empresários, foram realizados cursos de estímulo ao associativismo e ao cooperativismo e palestras sobre as oportunidades da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Governo Federal, para agricultores locais. No total, cerca de 300 pessoas participaram do evento.

“Do encontro já nasceram possíveis organizações de ovinocaprinocultores e apicultores, por exemplo. Acredito que a região irá crescer muito em cooperativismo e associativismo”, afirma o coordenador de apoio ao produtor rural da Prefeitura de Águas Formosas, Elvis Lima.

Perspectivas econômicas pouco favoráveis desestimulam o empreendedorismo, segundo o técnico do Sebrae. “Queremos tirar as pessoas dessa zona de conforto, fazer com que elas busquem crescer”, diz. A partir das demandas que surgirem o Sebrae irá apoiar os empresários e agricultores na constituição de associações e no aumento da capacitação gerencial.

O dono de uma oficina mecânica e revendedora de autopeças em Águas Formosas Arquimedes Medrado poderia estar preocupado, já que a melhoria nas estradas pode diminuir a demanda de seus serviços. Mas, ainda assim, ele está otimista. “Acredito que será um benefício também para nós, o trânsito na estrada vai aumentar”, diz.

Segundo ele, o reflexo deverá ser maior na concorrência. “Estamos trabalhando com os funcionários para melhorar o serviço, o atendimento e a estrutura. Iremos competir com as oficinas das melhores cidades da região”, afirma. Por outro lado, o custo do frete das peças que ele revende deverá diminuir. “Muitos fornecedores que não vinham até aqui já disseram que passarão a entregar. Artigos como vidros e molas também deverão ter diferença de preço do frete”, diz.