A situação das rodovias estaduais e federais que cortam Minas Gerais piora a cada dia. Com as chuvas fortes, o número de buracos dobrou e novos obstáculos surgiram nas pistas, levando perigo aos motoristas. O Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) informa que há contratos de manutenção nas 44 estradas federais no estado e, apesar da intensidade das chuvas nos últimos 25 dias, não há interdição total em nenhuma rodovia. Mas um trecho da BR-365, em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, está interditado e no km 28,8 da BR-262, em Reduto, na Zona da Mata, a cabeceira de uma ponte foi comprometida e a passagem obstruída. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) houve, por causa dos estragos, quase 500 acidentes em 2006.
A única saída encontrada pelo Dnit e Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG) para reduzir os problemas é a operação tapa-buracos. Só que a situação só irá se normalizar depois do período chuvoso. Por isso, os motoristas devem ter cuidado em dobro. O Dnit informou que ainda não há plano especial para as chuvas em 2007, devido ao orçamento federal. Em 2006, foram gastos R$ 80 milhões na operação tapa-buraco. Dependendo dos problemas em rodovias e pontes federais, o Dnit pode decretar situação de emergência e acionar o Tribunal de Contas da União. Caso a obra seja aprovada, a verba é autorizada pelo tribunal.
As BRs-459 (Poços de Caldas/Itajubá), 365 (Ituiutaba/Montes Claros), 135 (Curvelo/ Itacarambi), 153 (Fronteira/ Araporã) e 265 (Santana da Vargem/ Barbacena) são as mais problemáticas. O número de buracos nas 138 estradas estaduais também é grande. O DER confirmou que as condições das rodovias piorou com as chuvas, como na MG-20, entre Santa Luzia e Jaboticatubas, na Grande BH.
O comandante da 7ª Cia da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), major Antônio de Carvalho, diz que as intervenções feitas em algumas rodovias estaduais estão garantindo menos transtorno aos motoristas. “Mesmo assim, há quedas de pontes, barreiras e a ocorrência de buracos. Infelizmente, não há condições de recuperar os trechos no período de chuva. As operações tapa-buraco são paliativos, pois em determinados locais pôr massa asfáltica em cima de trincas é ineficaz. Precisamos de durabilidade.”
Segundo a PRF, de janeiro a novembro de 2006 foram registrados 16 mil acidentes e 447 deles foram causados por problemas nas estradas. A violência nas estradas é grande. “Infelizmente, a quantidade de acidentes nos primeiros 14 dias do ano aumentou 36%, se comparado com o mesmo período de 2006. Foram 899 colisões em 2007 e 660 em 2006. Até agora, 47 pessoas morreram, contra os 40 óbitos na primeira quinzena do ano passado ”, afirma.
Norte a Sul Um exemplo de perigo e más condições de tráfego está na BR- 354 , que corta o estado de norte a sul, até a divisa com o Rio de Janeiro. A estrada passa por várias cidades mineiras, mas, perto de Patos de Minas, no Alto Paranaíba, e Perdões, na região Centro-Oeste, a situação é crítica. Pelo menos 150 quilômetros da rodovia estão destruídos e, apesar dos prejuízos, não há previsão para a recuperação da via. No entroncamento com a BR-262, em Córrego Dantas, no km 387, o Dnit decretou situação de emergência e aguarda a liberação do orçamento para o início das obras.
Na BR-040, no sentido BH- Sete Lagoas, a realidade é a mesma. Motoristas se arriscam tentando desviar das crateras no asfalto. No km 493, em Ribeirão das Neves, na Grande BH, galhos de árvores sinalizam o perigo. O alerta pouco adianta, pois, com a chuva, a visibilidade piora. Não faltam reclamações. O caminhoneiro Jurandir Alves, de 48 anos, sofre com as péssimas condições das estradas. “O que mais vejo são motoristas com veículos parados na beira da estrada pedindo ajuda. Para agüentar o ritmo, troquei o conjunto de pneus da minha carreta e gastei quase R$ 15 mil. Mas, se bobear, não dura seis meses. A chuva intensa e o excesso de carga acabam com o asfalto.”