A CNT (Confederação Nacional do Transporte) estima que a solução dos gargalos físicos e operacionais que comprometem a eficiência das ferrovias brasileiras demanda investimentos totais de R$ 4.192 bilhões.
Segundo o presidente da seção ferroviária da CNT, Rodrigo Vilaça, que também é diretor da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários) , esses investimentos teriam que ser feitos permanentemente pelo poder público, principalmente na solução de problemas como a remoção de moradores que invadem a faixa de domínio das ferrovias. Mas outras obras para resolver os gargalos, na avaliação da CNT, poderiam ser feitas por meio de PPP (Parcerias Público Privadas), como é o caso do tramo Norte do Ferroanel de
São Paulo, que demandaria R$ 850 milhões. A CNT considera eliminação de gargalos tanto a construção de contornos ferroviários como a sinalização de passagens de nível, que são pontos onde as ferrovias cruzam rodovias.
A pesquisa da CNT também estima que para os próximos anos são necessários investimentos de R$ 9.413 bilhões na expansão da malha ferroviária. Esse montante já inclui os R$ 7,8 bilhões destinados pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para o setor. Entre as obras listadas pela CNT estão a nova Transnordestina e a ampliação em 840 quilômetros da malha de Santa Catarina.
Segundo a CNT, as concessionárias de ferrovias no Brasil já investiram desde 1996, quando teve início a privatização da RFFSA (Rede Ferroviária Federal), cerca de R$ 12,1 bilhões.
Vilaça afirmou que, somente no ano passado, foram investidos R$ 2,3 bilhões. “Esse dinheiro foi aplicado principalmente na melhoria das vias, em tecnologia e em material rodante”, disse. Ao mesmo tempo, os investimentos da União no período pós-concessão foram reduzidos de R$ 162 milhões em 1997 para R$ 44 milhões em 2005. Para 2007, a estimativa é de que os investimentos permaneçam na faixa dos R$ 2 bilhões.
Os dados apresentados pela CNT mostram ainda o avanço das concessionárias em diversos quesitos. A produção ferroviária, medida em bilhões de toneladas-quilômetros úteis transportadas (TKU), saltou de 137 em 1997 para 221,8 em 2005. O volume transportado, em bilhões de toneladas úteis, aumentou de 252,9 em 1997 para 391,9 em 2005. Já o índice de acidentes caiu pela metade no mesmo período.
Nova pasta
Vilaça classificou como “retrocesso e um contra-senso” a idéia do governo de criar uma secretaria especial, com status de ministério, para cuidar dos portos brasileiros. “Somos contra. Temos de estar integrados e a logística brasileira, o setor de transportes não pode estar esfacelado”, afirmou.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende indicar para essa secretaria o ex-ministro da Integração Nacional, Pedro Brito, aliado de Ciro Gomes (PSB-CE). O objetivo seria contemplar o PSB, que perdeu a Integração Nacional para o PMDB.
Nos últimos dias, as lideranças do PR (Partido Republicano) no Congresso chegaram a ameaçar que o partido poderia abrir mão do Ministério dos Transportes caso os portos fossem retirados da pasta. Vilaça defendeu que o ministério tenha toda a base dos modais do país para poder planejar a logística de modo integrado.