SÃO LUÍS – Cerca de mil moradores de 67 comunidades da zona rural de São Luís interditaram ontem o Km-8 da BR-135, próximo ao Posto Maracanã, como forma de protesto contra os constantes acidentes de trânsito com morte que vêm ocorrendo na região. O protesto durou quarto horas e terminou somente após acordo com a direção estadual do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte (DNIT), que se comprometeu a colocar um quebra-mola no local.
Com o bloqueio no trecho da BR-135, formou-se um congestionamento de aproximadamente 10 km, nos dois sentidos da rodovia. Motoristas que deveriam passar pelo local ficaram revoltados.
O objetivo da manifestação, encabeçada por líderes da Vila Nova República e Residencial 2000, era exigir do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte (DNIT) a colocação de pelo menos três quebra-molas entre o Km-6 e o Km 9 da rodovia, locais de maior fluxo de pessoas da Vila Nova República e Residencial 2000. Além disso, os moradores também reivindicaram a retirada de vários retornos irregulares da região, que favoreceriam a ocorrência de acidentes.
Segundo os líderes do protesto, somente este ano teriam ocorrido pelo menos 14 mortes nos oito primeiros quilômetros da BR-135. Apenas nas últimas duas semanas foram duas vítimas: Roniel dos Santos Teles, de 5 anos, e Ivo Flávio Ferreira dos Santos, de 22.
Conforme dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), nos primeiros 25 quilômetros da BR-135 ocorreram cerca de 70 acidentes em 2007. “A situação já estava ficando insustentável. Aqui, morrem pessoas quase todos os dias”, reclama o presidente da Associação de Moradores da Vila Nova República, Iraelson Ferreira.
E o risco vivido pelos moradores ao lado da rodovia não está apenas nos números. O autônomo Paulo Santos de Alcântara, de 32 anos, foi atropelado exatamente no Km-8 da rodovia há aproximadamente um ano. Ele ficou paraplégico e sem condições de sustentar seus sete filhos. Hoje, sobrevive da solidariedade dos vizinhos, amigos e parentes.
PARALISAÇÃO
O protesto começou por volta das 6h15 de ontem. Com pedaços de madeira, pneus e faixas com os dizeres como “Queremos segurança no trânsito” e “Motoristas, precisamos viver mais”, os moradores evitaram a passagem de veículos pelo local, permitindo apenas o tráfego de ambulâncias.
A manifestação provocou protesto de vários motoristas, que ficaram impedidos de seguir viagem. Funcionários de grandes empresas, como a Alumar, precisaram ir para o trabalho a pé ou optar por outro tipo de condução. Estudantes e até pessoas que estavam viajando com destino a São Luís também resolveram tomar a mesma iniciativa.
A estudante do Complexo Educacional Maria Socorro Almeida, no São Cristóvão, Patrícia Silva Lima, de 19 anos, já sem a esperança de conseguir chegar ao colégio a tempo, preferiu guardar seu material escolar na casa de uma amiga e ficar observando a manifestação.
“Vim de Açailândia e tenho um compromisso em São Luís. Por isso, estou seguindo a pé mesmo”, reclamou o técnico em informática Márcio Cruz.
Do outro lado, havia pessoas que não podiam adotar essa alternativa. O caminhoneiro João Carlos Guilherme, de 50 anos, é um exemplo. Ele estava com horário marcado para conseguir um frete na cidade de Rosário e, com a interrupção no tráfego de veículos no trecho da BR-135, ele já não tinha mais esperança de conseguir trabalho. “É chato, mas perdi um bom dinheiro”, reclamou o caminhoneiro.