Dobrou nos últimos 10 anos o número de veículos que circulam no trecho entre os km 10 e 22 da Rodovia Raposo Tavares, no limite da capital com a cidade de Cotia, na Grande São Paulo. Em 1997, eram 88 mil automóveis por dia. Hoje, são 160 mil. A situação só piora: a cada seis meses, o congestionamento diário aumenta em um quilômetro.
Por conta disso, esses 12 quilômetros da estrada ficam congestionados todos os dias. Um motorista gasta, em média, duas horas para percorrer o trecho, sentido São Paulo, no horário de pico da manhã (6h às 10h). Na volta, o transtorno se repete.
Quem mora em Cotia e trabalha na capital tem de acordar cedo e, ainda, contar com a sorte para não perder um compromisso. Às vezes, porém, é inevitável. O advogado Kleber Costa Godinho da Silva, de 27 anos, mora no Jardim Nomura, em Cotia, e trabalha na Vila Olímpia, na Zona Oeste da capital. Por causa dos congestionamentos na Raposo Tavares, Silva já perdeu o avião em uma viagem de trabalho.
– Perdi um vôo em Congonhas, marcado para as 8h30. Saí às 5h30 de casa e não consegui chegar a tempo no aeroporto – conta.
– Também teve um dia em que cheguei às 10h no trabalho, e o meu horário é às 8h. É chato. Todo mundo pensa: Pô, o cara virou patrão!
Cansado de ficar ilhado em Cotia, onde mora, o empresário João Lino da Silva, de 65 anos, idealizou o 1 Fórum pela Sobrevivência Saudável do Eixo Metropolitano Raposo Tavares, um evento que, no último sábado, reuniu moradores e autoridades para encontrar soluções.
Segundo ele, são necessárias medidas como fazer recuo para pontos de ônibus na estrada e mudar o acesso de ruas que desembocam de forma perpendicular (90) na rodovia.
O secretário estadual dos Transportes, Mauro Arce, afirmou que resolver o congestionamento na Raposo Tavares “é muito difícil”. Ele ressalta que existem poucos espaços nas laterais da rodovia para fazer pistas marginais.
– Teríamos de fazer uma desapropriação impraticável.
Arce disse que está descartada a possibilidade de conceder o trecho à iniciativa privada, porque os moradores teriam de pagar pedágios diariamente. O secretário diz que a inauguração do trecho Sul do Rodoanel vai amenizar o problema.
– É possível fazer correções pontuais, não estrutural. As pessoas precisam se adequar ao transporte público, e o governo está investindo no trem e no metrô.