Ainda não se sabe qual será a empresa ganhadora do leilão de concessão do trecho oeste da rodovia Marechal Rondon, que corta Bauru. Mas é certo que será da futura concessionária a responsabilidade pela manutenção dos viadutos erguidos ao longo de seus 420 quilômetros. O estado de conservação de dois deles, situados nas imediações do km 342, em Bauru, despertou preocupação em usuários, acostumados a passar pelos viadutos nas imediações da avenida Nuno de Assis e Jardim Guadalajara.

Eles tornaram-se mais rigorosos desde que o tráfego entre a avenida Pedro de Toledo e a Vila Falcão ficou difícil com a interdição do viaduto Mauá . Mas no caso dos viadutos da Rondon, no entanto, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) descarta qualquer comprometimento que coloque em risco os motoristas.

“Ambos apresentam pequenos pontos de patologia de estrutura como armadura oxidada e exposta, além de algumas infiltrações na laje de tráfego. Exigem manutenção para que não venham a se tornar graves”, avalia o engenheiro civil Eric Fabris, proprietário de empresa que também atua na área de “patologia” de estruturas. Ele foi convidado pela reportagem para analisar a situação dos dois viadutos.

Um deles dá acesso ao Jardim Guadalajara. O outro está situado sobre a linha férrea. A situação do segundo parece mais precária por conta de uma grande trinca numas pedras assentadas. “Esse painel é apenas uma proteção do talude de terra. Não faz parte da estrutura do viaduto. Mas é local que também exige manutenção”, acrescenta Fabris. De acordo com ele, caso o talude de terra perca a estabilidade, o problema chegará à pista.

A situação é fruto do desgaste natural, informa a assessoria de imprensa do DER. Segundo o órgão, seja qual for a concessionária do trecho oeste da Rondon, ela já sabe que deverá executar obras. Em outubro do ano passado, o consórcio BR Vias SP venceu o leilão, mas no início deste mês ele foi desabilitado pela Agência Reguladora dos Transportes de São Paulo (Artesp). Conforme o JC divulgou, o motivo seria dificuldades na obtenção de crédito, problemas financeiros e descumprimento das regras do edital.

Porém, a BR Vias entrou com recurso contestando a decisão. Na próxima terça-feira, vence o prazo para que outra empresa protocole pedido para que seja impugnado o recurso da BR Vias, informa a assessoria de imprensa da Artesp. Caso a medida não seja tomada, serão julgados os argumentos da desabilitada. Não há previsão, no entanto, de quando o processo será encerrado.

Viaduto Mauá

O secretário Municipal de Obras, Eliseu Areco Neto, e técnicos da pasta estiveram ontem no viaduto Mauá, interditado desde o ano passado, para uma avaliação. De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura, a “visita” foi apenas uma verificação in loco da situação para que seja estudada uma solução definitiva.

Mas por enquanto, não está certa nem a abertura de nova pista de trânsito, como foi cogitado na gestão anterior. A definição sobre a medida será discutida em reunião entre a Secretaria de Obras e Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru (Emdurb), em data a ser definida. Nesta semana completou quatro meses que, por conta de problemas estruturais, as duas pistas do viaduto Mauá foram interditadas. Antes do problema ser detectado, os motoristas trafegavam por elas sentido bairro-Centro. Desde então, dividem uma das pistas do viaduto Nuno de Assis. Conforme o JC publicou, embora aparentem ser uma obra única, as quatro pistas são formadas por dois viadutos. O Mauá está comprometido e o trânsito sobre ele está proibido. Já o viaduto Nuno de Assis, mais recente, passou a suportar sozinho o tráfego de veículos nos dois sentidos. No entanto, por ser mais moderno e largo, talvez viabilize o tráfego em mais uma pista.

A interdição viária foi implementada após a apresentação de relatório técnico preliminar elaborado pelo Ministério Público (MP).

O promotor da Habitação e Urbanismo, José Carlos Carneiro de Oliveira, instaurou inquérito civil público para apurar as condições de segurança de pontes e viadutos de Bauru, após matéria publicada pelo JC sobre a precariedade dos equipamentos.