Para tentar coibir fraudes, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) editou a Resolução 287, modificando o método de coleta de impressões digitais dos futuros motoristas em todo o País. A tecnologia “pousada”, em que a pessoa mantém um dos dedos indicadores sobre o leitor digital por alguns segundos, terá de ser substituída pelo método “rolado”, capaz de capturar as impressões digitais dos dez dedos das mãos. O cronograma para a adequação dos Departamentos Estaduais de Trânsito (Detrans) será publicado em 120 dias.
As mudanças vinham sendo estudadas por um grupo de trabalho composto por especialistas em trânsito e peritos da Polícia Federal (PF), mas foram aceleradas depois que o Ministério Público de São Paulo e a Polícia Rodoviária Federal desarticularam, em março, a máfia das carteiras de habilitação. O esquema, montado por policiais civis, médicos, psicólogos e donos de auto-escolas de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, abastecia sete Estados com documentos falsificados e/ou fraudados.
As investigações mostraram que uma das formas de burlar a fiscalização era moldar impressões digitais em placas de silicone e utilizá-las na emissão de dezenas de CNHs. Uma única digital, por exemplo, chegou a ser usada para confeccionar 150 carteiras de motorista. Só a falsificação desse lote rendeu R$ 2,3 milhões à quadrilha.
Embora haja consenso de que a tecnologia “rolada” é mais segura, o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) ainda não conseguiu solucionar um problema antigo: a conferência das digitais. Uma das alternativas discutidas pelo grupo de trabalho seria incorporar as impressões digitais dos condutores aos bancos de dados dos departamentos estaduais de identificação, responsáveis pela emissão dos RGs. A nova resolução determina que as digitais colhidas a partir de agora sejam encaminhadas à PF, a fim de “garantir a individualidade do candidato ou condutor com sua respectiva CNH”.