A Assessoria de Imprensa do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) informou que está com 600 processos em andamento por infração de trânsito somente deste ano. Desses, 40 já foram suspensos e outros 40 estão em processo de suspensão quase concluídos. Além dos já citados, ainda estão sendo julgados outros 80 processos por pontuação.

Dirigir embriagado, sem capacete, ameaçando pedestres e fugir de bloqueio policial são algumas das infrações que podem levar à suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Mesmo assim, ainda é possível ver motoristas bêbados pagando fiança e sendo liberados, depois de atropelarem e matarem pedestres e ciclistas, ou causarem violentos acidentes nas ruas de Boa Vista.

Dirigir motocicleta com os faróis apagados ou levando mais de um passageiro, algo bastante comum na Capital, também pode levar à suspensão da carteira de motorista.

O instrutor de auto-escola Reginaldo Corrêa da Costa disse que cobra de seus alunos mais atenção ao trânsito. Mas nem sempre a dica é bem “aceita” por eles. “Muita gente aprende a dirigir achando que já sabe tudo. Chegam aqui e dizem que aprenderam a dirigir com o pai ou com um amigo e que só vieram treinar para o exame. Quando vão para as ruas, fazem tudo errado. É melhor pegar um aluno que não sabe nem ligar um carro do que aquele que já chega cheio de vícios”, afirmou.

Reginaldo disse que 90% dos alunos que chegam na auto-escola são jovens de 18 anos que vão tirar a 1ª habilitação. E já chegam dirigindo. O instrutor também questiona a falta de estrutura para ensinar o aluno a dirigir na rua. Ele explica que, no exame, primeiro o aluno faz a ladeira. Depois a baliza e a garagem. Tudo isso dentro do pátio do Detran. Depois, vai para a rua, dá uma volta na frente do Detran e volta para o pátio. “Na hora de ir para a rua, ele já esqueceu tudo o que aprendeu”, afirmou.

João Lucena Amorim, diretor de uma auto-escola da cidade, também questiona a forma como o Código Nacional de Trânsito estabelece as normas para a 1ª habilitação. “Hoje são exigidas 15 horas/aula para carro e 15 horas/aula para moto. Mas seriam necessárias 30 horas/aula só de carro para formar bem um motorista”, garante.

Ele também questiona a afirmação de que a principal causa dos acidentes de trânsito em Boa Vista é a má-formação dos condutores. “Fazemos o que o Detran exige, o que está estabelecido no Código Nacional de Trânsito. Na primeira aula, o aluno vai aprender o funcionamento do carro. Na segunda, terceira e quarta aulas ele começa a dirigir no Parque Anauá, onde é feita a instrução. O restante das aulas ele vai praticar baliza, garagem e rampa.

Às vezes, mal dá tempo de ele ir para a rua. No exame para tirar a carteira, o trecho também não é longo. O aluno passa no exame, pega a carteira e vai para o Centro Cívico [onde o tráfego é intenso] ou para a estrada. Uma coisa absurda”, declarou.

João ainda questiona o pouco número de examinadores do Detran, que têm de avaliar cerca de 50 alunos de carro e 50 alunos de moto diariamente nos exames, além de alunos no interior do Estado. “O exame dura, no máximo, 20 minutos. Não tem como avaliar um condutor dessa maneira. É preciso mudar o Código de Trânsito, tornar as regras mais duras, principalmente as aulas práticas. E ainda saber aplicar a lei. A fiscalização deve servir para todos os condutores, rico ou pobre, autoridade ou não”, afirmou.