Falta de informações sobre o equipamento faz motoristas de Ribeirão Preto procurar ajuda em lojas

Confusos e com informações incompletas até mesmo de órgãos oficiais sobre a regulamentação dos engates de automóveis, motoristas de Ribeirão Preto tiveram que apelar às lojas de acessórios para conseguir orientação sobre o que é ou não irregular com relação ao equipamento. A regulamentação entra em vigor nesta sexta-feira. O uso de engates inadequados pode gerar multa de R$ 127,69 e a retenção do veículo até a retirada do equipamento.

O engate foi criado originalmente para efetuar o reboque de carretas e de outros tipos de veículos, mas tem sido instalado por concessionárias e lojas como um protetor traseiro aos pára-choques pintados.

A resolução 197, publicada em 31 de julho de 2006 no Diário Oficial da União, regulamenta o equipamento e cria uma série de exigências. Agora o engate terá que ser fabricado por empresas que sigam as normas estabelecidas pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial). Os equipamentos agora também terão que ser realmente funcionais e não apenas servirem para proteger os pára-choques. Eles deverão trazer esfera maciça apropriada ao serviço de tracionamento, dispositivo de fixação da corrente de segurança do reboque, ausência de superfícies cortantes e dispositivo de iluminação.

Na tarde da última terça-feira, a manicure Tanilda Cristina Garofalo esteve na Transerp (Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto) para receber mais informações sobre a resolução. Tanilda tem um carro de segunda mão que já veio com o engate traseiro e gostaria de fazer as adaptações necessárias. Logo na entrada da Transerp, a Gazeta presenciou a manicure sendo orientada pelos próprios funcionários a procurar uma loja especializada porque no órgão ainda não tinha informações. Os funcionários também disseram que não adiantaria procurar a ajuda da Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) porque o órgão também não tinha conhecimento sobre os detalhes da nova norma.

“A gente fica nas mãos da loja que, certamente, tem interesse em vender, em lucrar. Nem os órgãos competentes sabem explicar, falta informação. Para mim, a história do engate é como a da caixa de primeiros socorros que todo mundo comprou e depois deixou de ser exigida”, disse Tanilda, que já conseguiu evitar danos na traseira do carro durante uma colisão.

Até mesmo o superintendente da Transerp, Antonio Carlos Muniz, disse não ter detalhes sobre a regulamentação. Segundo ele, a fiscalização nas ruas caberá à Polícia Militar porque exige a abordagem dos veículos, o que os agentes de trânsito do município, os “marronzinhos”, não estão habilitados a fazer.

Na Said Car Acessórios, no centro da cidade, somente durante entrevista concedida à reportagem, oito motoristas estavam na loja em busca de orientação e adaptação no engate. De acordo com o encarregado de pátio da loja Abrão Isaac Luís do Prado, os clientes devem sempre observar se nas laterais do encaixe existe uma pequena placa com informações sobre o modelo do automóvel, a carga máxima, a capacidade de tração e o CNPJ da empresa. Segundo Prado, os preços variam muito conforme o modelo do carro, mas em geral o motorista gasta R$ 190 com um novo engate (autorizado pelo Inmetro), R$ 40 para fazer a instalação elétrica. Para retirar o equipamento terá que desembolsar em média R$ 20.

Peça deve ter plaqueta

Quem já tem o engate no carro deve se certificar de que o equipamento foi fabricado por empresas que atendam as normas do Inmetro. Os engates devem a partir de amanhã ter uma plaqueta inviolável com o nome da empresa fabricante, CNPJ, identificação do registro concedido pelo Inmetro, o modelo de capacidade máxima de tração do veículo a que o engate se destina e a referência à resolução 197 que entra em vigor.

Os engates que atendem esta resolução são originais de fábrica ou trazem esfera maciça (apropriada ao serviço de tracionamento), tomada e instalação elétrica para fornecer energia ao veículo rebocado, dispositivo de fixação da corrente de segurança do reboque, ausência de superfície cortante ou de cantos vivos na haste de fixação.

De acordo com técnicos ouvidos pela Gazeta, é comum que os engates até atendam as exigências do Inmetro, mas que as instalações elétricas não estejam adequadas.

Para quem pretende instalar o engate de agora em diante é necessário buscar engates de fabricantes que respeitem as normas do Inmetro. O segundo passo é ter um carro que agüente rebocar objetos. Os instaladores de engate também terão que obedecer e passar pela aprovação do Inmetro.

Em nota, o Conatran informa que adotou as normas para regulamentar o equipamento.