O acidente ocorrido na manhã desta segunda-feira envolvendo ônibus das empresas Dois de Julho e Transol foi apenas um dos 767 contabilizados somente neste ano pela Superintendência de Engenharia de Tráfego (SET). Nele duas pessoas morreram e 28 ficaram feridas, sete em estado grave. Dos 767 acidentes computados em 2007, 102 pessoas ficaram feridas e nove morreram. Somente no ano passado foram registrados 2.646 acidentes envolvendo transportes públicos, com 501 feridos e 26 mortos.
De acordo com a psicóloga do Detran, Lucene Santos, o motivo de tantos acidentes envolvendo ônibus não está ligado diretamente à imprudência, mas sim, ao estresse. “O motorista é pressionado a todo instante pela empresa que trabalha. Além disso, para ajudar no orçamento do fim do mês, muitos excedem a carga horária vendendo as férias ou dobrando o horário”, aponta.
Para a psicóloga, contribuem para o agravamento do problema as más condições dos veículos e os constantes congestionamentos, aliados ao desgaste físico e problemas pessoaos dos motoristas. “Uma série de fatores externos leva esse profissional a ficar fatigado e displicente no trânsito. Isso, conseqüentemente, aumenta a possibilidade de um acidente”, afirma a psicóloga.
Pressão
O presidente do Sindicato dos Rodoviários, Manuel Machado, responsabiliza as empresas de ônibus pela situação de estresse que envolve o trabalho dos motoristas. A pior pressão que os motoristas sofrem é da empresa, que estipula horário para os motoristas realizarem o trajeto. “Caso o tempo determinado não seja cumprido, esse profissional recebe advertência e em alguns casos é até demitido”, desabafa Machado.
O sindicalista mostra-se contra os trabalhadores que vendem as férias e dobram o serviço. “Nós do sindicato não apoiamos esta atividade. Lutamos por redução de carga horária de oito para seis horas”.
Empresas como Rio Vermelho e Ondina realizam programas anti-estresse, como reuniões e palestras para aliviar a tensão dos profissionais. Porém, a medida não é obrigatória.
Manuel Machado alega que algumas empresas abusam dos profissionais. Disse que neste Carnaval 2007 a maioria dos motoristas foi obrigada a trabalhar 12 horas por dia. O caso, segundo Machado, foi levado para a Superintendência de Transportes Públicos (STP), que por sua vez negou ter conhecimento do fato. O presidente da Seteps, Horácio Brasil, não foi localizado pela reportagem de A Tarde FM.
Seguro
Todas as vítimas de trânsito têm direito a um seguro. Este benefício prevê o ressarcimento do valor gasto com medicamentos, desde que devidamente comprovados. Também há indenização para caso de morte ou invalidez. Nesse caso o valor do benefício pode chegar a cerca de R$ 13 mil. Para saber mais sobre este direito, a vítima pode telefonar para 3116-2556 ou dirigir-se ao Serviço de Apoio às Vitimas de Trânsito (Siretran), que fica no Detran.