Programado para ser lançado em junho, o Gás Natural Veicular (GNV) do Distrito Federal deve ter um dos preços mais altos do país. A conclusão é de uma das distribuidoras do produto, a Rede Gasol, e da própria CebGás, responsável pela implementação do sistema. Criado para atender 1% de toda a frota do DF, sobretudo táxis e ônibus, o novo sistema vai vender o metro cúbico do gás por aproximadamente R$ 1,75. Em outros estados, o preço varia, em média, entre R$ 1,35 e R$ 1,50. Isso significa que no DF o preço pode ser vendido 30% mais caro.
O motivo do preço é simples: o DF terá de importar o GNV por ainda não ter gasoduto. Ele virá de Paulínia (SP). Lá, será transformado em líquido para ser transportado. Em Brasília, torna a ser gaseificado para, então, estar pronto para a venda. “O preço será o mais alto em função dessas particularidades. Aqui não temos gasoduto e o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) ainda está alto, em 12%. Geralmente, o praticado em outros estados é de 7%”, comenta o gerente comercial da Rede Gasol, José Miguel. Apesar do vizinho Goiás também não ter gasoduto, o preço do gás natural no estado é mais baixo, porque o ICMS lá praticado é de 7%.
O ICMS sofreu uma queda há 10 dias. Justamente para tornar o preço do GNV mais competitivo no mercado local, o Conselho Nacional de Política Fazendária aprovou (Confaz) a redução do imposto de 25% para 12%. A decisão deverá ser homologada nesta sexta-feira e regulamentada dentro de 60 dias por decreto do Governo do Distrito Federal (GDF) ou projeto de lei aprovado na Câmara Legislativa do DF.
Para o Diretor Técnico e Comercial da CEB Gás, Paulo Gomes, é natural que o valor seja elevado. Mas ele avalia que a redução do ICMS foi uma vitória e contribuiu para tornar o preço do GNV mais competitivo na capital federal. “É melhor ter um gás um pouco mais caro agora do que esperar, no mínimo, cinco anos para se construir um gasoduto”, comenta. Segundo ele, existe um projeto do GDF, em análise no Ibama, que prevê a construção da rede a um custo de R$ 2 bilhões. “No entanto, se tudo correr com rapidez, teremos esse sistema em cinco anos”, comenta.
Na opinião de Gomes, mesmo sendo um dos mais caros do país, a cotação do GNV está realista para o mercado local. Aqui, custará menos que a gasolina e ainda terá a vantagem de render 30% mais. “O gás rende 30% a mais que a gasolina. E a gasolina 30% a mais que o gás”, explica.
Postos e unidades de conversão
O Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) já avalizou as quatro oficinas responsáveis por instalarem o sistema de gás nos veículos. São elas: a Autoreguladora Nipon, a BSB Gás, a concessionária Disbrave, e a Recopeças. Todas passaram por vistoria técnica do órgão antes do cadastro. O mesmo ocorreu com as duas unidades de abastecimento. Uma delas irá funcionar no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) e a outra, sob o comando da Petrobras, em Candangolândia.
Por ora, quatro oficinas convertoras é pouco, na opinião de Paulo Gomes. Ele acredita que novas unidades irão surgir à medida que o sistema ganhe maturidade. O deputado distrital Júnior Brunelli (DEM), autor da lei que regulamenta o gás natural no DF, também acredita que o surgimento de novas oficinas é questão de tempo. Quando começar e os empresários verem que as coisas estão funcionando bem, será apenas uma questão de credenciamento”, acredita.