A Secretaria de Transporte do Distrito Federal encaminhou ofício à Agência Nacional de Transportes (ANTT) solicitando itinerário de todos os ônibus interestaduais que operam na região do Entorno. Após a ação realizada por fiscais do DFTrans nesta segunda-feira, que terminou com 140 ônibus lacrados, a preocupação do governo ficou ainda maior. O documento pede informação sobre os horários de circulação dos veículos das empresas. O objetivo é organizar um cronograma de fiscalização pelos agentes do DFtrans.
Alguns dos veículos lacrados durante a última ação rodavam com peças remendadas, pneus carecas e freios comprometidos. O governo manifestou insatisfação com a falta de controle da ANTT sobre as empresas. O secretário de Transporte do Distrito Federal, Alberto Fraga, acredita que o número reduzido de funcionários da ANTT compromete as verificações nas garagens das empresas. “Nós queremos acabar com o risco nas estradas causado por esses veículos velhos. O único caminho é aumentar a fiscalização”, explica. As ações do DFtrans deverão ser feitas por 70 agentes.
O documento enviado pelo secretário à ANTT trata o assunto de forma cordial. Mas em conversas reservadas, o encarregado da pasta manifesta abertamente as insatisfações. “Há um completo desleixo das empresas. Mas isso não pode ocorrer também nos órgãos fiscalizadores. É por isso que estamos empenhados em ajudar”, desabafa. O cronograma de fiscalização deverá ser concluído até o fim desta semana. O próximo encontro entre ANTT e fiscais do DFtrans acontece nesta quinta-feira às 10h.
O superintendente da ANTT no DF, Francisco Cavour, rebate as críticas feitas pelo secretário Alberto Fraga. Para ele, o convênio celebrado tem por fim sanar as dificuldades operacionais. “Sabemos das nossas dificuldades e faremos um concurso em breve para ampliar o número de fiscais. Acho que essas críticas não colaboram em nada. Temos feito aquilo que está dentro do nosso alcance”, rebateu o superintendente.
Vistoria
As últimas operações realizadas pelo DFTrans flagraram veículos das empresas Taguatur, Vialuz, Anapolina, Santo Antônio e Vaztur. Os problemas mais graves detectados foram barras estabilizadoras soldadas e molas dos amortecedores quebradas. De acordo com a legislação prevista pela ANTT, as multas variam de R$ 900 a R$ 4 mil. Mas até o início desta tarde, nenhuma empresa havia sido notificada pelo órgão.
Os ônibus apreendidos deverão ser levados para as garagens das empresas e só poderão voltar a circular após a regularização dos problemas. Procurado pela reportagem, a direção das empresas Taguatur e Santo Antônio minimizou os problemas, alegando que os buracos nas estradas são os grandes causadores dos estragos. “Temos ônibus novos que não suportam uma semana e já quebram com os buracos. Isso é que precisa ser resolvido”, argumenta Paulo Antônio Nascimento, diretor de operação da empresa Santo Antônio.
O último caso de acidente envolvendo ônibus interestadual foi registrado há uma semana, em Águas Lindas. Após perder o controle do veículo, o motorista Enoc Pereira da Silva, 36 anos, despencou de uma altura de 40 metros com os passageiros a bordo. Ele alegou para os peritos que as rodas deixaram de responder após ouvir um barulho de explosão. A polícia investiga se a barra de direção do carro rompeu durante o trajeto. A reportagem não obteve retorno dos representantes das outras empresas.