A greve iniciada na quarta-feira por 1.950 funcionários da Seara Alimentos S/A, filial de Dourados, ganhou força ontem. Embaixo de chuva forte, os trabalhadores barraram a rodovia BR-163 com galhos e pneus. Os funcionários que insistiam entrar na empresa eram impedidos.
A Polícia Rodoviária Federal esteve no local para dar segurança aos motoristas que passavam pela rodovia. A Polícia Militar deu apoio tático à operação. “O movimento é pacífico. Estamos apenas
garantindo que nenhum acidente aconteça”, disse o capitão da PM, Divino Lopes de Faria.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Alimentação, Francisco da Conceição, disse que o movimento grevista foi intensificado e deverá ser mais ainda se a negociação não avançar.
Os funcionários pedem 13,6% de reajuste salarial; cesta básica de R$ 70; melhorias no plano de saúde, na segurança de trabalho e também a Participação no Lucro da Empresa (PLE) de R$ 580, pagos uma vez por ano. No entanto a empresa teria oferecido 4,25% de aumento e mais duas cestas básicas, uma para outubro deste ano e outra para fevereiro de 2007.
Além disso, as lideranças sindicais alegam que a empresa teria tentado substituir os grevistas por funcionários da filial de Sidrolândia. “Impedimos de entrar três ônibus com operários de
outra unidade”, disse o presidente do sindicato. Segundo Francisco, a lei de greve, número 7.783 de 1989, rege que a empresa não pode contratar e nem dispensar nenhum funcionário durante a paralisação.
“Já levamos o caso ao Ministério Público e ao Ministério do Trabalho para que sejam tomadas as providências. Temos a lei a nosso favor e precisamos impedir que a Seara tente substituir os grevistas por funcionários de outras unidades”, explica Francisco.
De acordo com o diretor do sindicato, Edson Marques, a empresa entrou em contato ontem, por telefone, com os coordenadores da greve. “Eles informaram que uma equipe de negociadores vem de
Itajaí-SC para conversar com os funcionários e tentar um acordo”, conta.
Seara
A empresa divulgou nota de esclarecimento dizendo que o “aumento real ocorre em um momento delicado, com condições adversas e acentuadas desde o início do ano com a queda nos volumes de
exportações e a preciação do real ante ao dólar”.
Ontem, a assessoria da Seara informou que por enquanto “não foi comunicada sobre nenhuma denúncia feita pelo sindicato ao Ministério do Trabalho e que a empresa tem como princípio cumprir a lei”. Assim que for comunicada a empresa disse que vai responder o questionamento da Justiça.