DOURADOS – Depois de seis dias de bloqueio, a MS-289 entre Amambai e Coronel Sapucaia foi reaberta ontem à tarde. Os indígenas foram obrigados a desfazer o bloqueio após uma decisão do juiz Thiago Nagasawa Tanaka, da 2ª Comarca de Amambai.
Tanaka atendeu a um pedido do Ministério Público Estadual e concedeu a liminar. Desde quinta-feira os moradores de Coronel Sapucaia estavam praticamente isolados do resto do Estado, em virtude do bloqueio. A única forma de deixar a cidade era através de uma estrada secundária, sem pavimentação. Nem mesmo as ambulâncias conseguiam seguir viagem. A Justiça levou em conta o direito constitucional de ir e vir.
Apesar da reabertura da rodovia, o impasse parece estar longe de ser resolvido. É que os índios continuam querendo a autorização para enterrar o corpo de Zulita Lopes, que foi morta aos 73 anos durante um confronto entre os indígenas e os funcionários da Fazenda Madama, na semana passada. O filho de Zulita enterrou o corpo da mãe na própria área da reserva, por já apresentar adiantado estado de decomposição. Mas de acordo com a tradição guarani-caiuá, o enterro tem que ser no mesmo local da morte.
Outra reinvindicação é pela libertação de três índios presos segunda-feira da semana passada. Eles são acusados de assalto à mão armada. Anteontem um dos líderes índigenas da região, Eliseu Lopes, sobrinho da índia morta, disse ao PROGRESSO que o grupo fez um acerto com o procurador do Ministério Público Federal Charles Stevan da Motta Pessoa, solicitando um estudo de demarcação de terras na região para saber se a área invadida semana passada é ou não indígena. Enquanto isso, a ameaça de um novo confronto não foi descartada.
A morte de Zulita Lopes motivou um protesto de índios de Dourados na última sexta-feira na Praça Antonio João. O pedido foi por Justiça e demarcação de terras.