Já dura três dias o bloqueio do Km 17 da rodovia BR-163, a Santarém-Cuiabá, no sul do Pará, próximo ao município de Castelo dos Sonhos. Cerca de 200 indígenas de três etnias ocupam as pistas da rodovia e apenas deixam ambulâncias com doentes – apresentando atestado médico – passarem pelo bloqueio. Não há previsão para o encerramento da manifestação. No local não há nenhum policiamento.

O protesto começou na quarta-feira, com a invasão da área onde é construída a hidrelétrica de Curuá-Una, ao lado da rodovia. Depois de negociação, os índios deixaram o local, mas as obras estão paralisadas.

Segundo Emílio Tineu, gerente de obras de uma das quatro empresas que atuam na construção da usina, o clima é tenso no local. Os índios estão armados com facões, flechas e pedaços de madeira. E circulam pela usina, passam por onde querem. Não tem ninguém para conversar com eles, para colocar ordem. Estamos apreensivos pois não sabemos qual será a atitude deles, já que ninguém do Governo veio aqui para negociar até agora , diz Tineu.

Entre as reivindicações dos índios está a instalação de energia elétrica nas aldeias, que ficam próximas das obras da usina. Ainda de acordo com o gerente, cerca de 500 operários estão parados, no alojamento das empresas, dentro do canteiro de obras. Ninguém é refém oficialmente, mas a gente sente esse clima. Estamos muito intimidados com a situação e o pior é não ter previsão de quando isso acaba , reforça Tineu.

O clima fica pior com a quantidade de caminhões de carga que ficam parados no local por conta do bloqueio. Os caminhoneiros têm prazo para entrega e já estão revoltados. A gente teme um conflito entre eles e isso pode acabar de forma trágica , completa Tineu.

A falta de policiamento, segundo o soldado Euvaldo Sá, da Polícia Militar de Castelo dos Sonhos é pela falta de pessoal, distância e pelo clima de hostilidade dos indígenas. Fomos ao local no primeiro dia e ficamos intimidados. Nosso destacamento possui apenas seis homens e o bloqueio acontece a 55 quilômetros daqui. Por isso estamos apenas monitorando por telefone , disse Sá.

Segundo ele, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e o Exército já foi avisado da situação. O pessoal do exército localizado em Itaituba, que é próximo daqui, confirmou que tem 90 homens armados e prontos para agir. Estamos aguardando ordem superiores para saber o que fazer , disse o soldado. O Portal ORM tenta contato com o 53º Batalhão de Infantaria de Selva de Itaituba.

Na quinta-feira, uma comissão formada por diretores da Curuá Energia e lideranças indígenas seguiu para Brasília, onde teria reunião com representantes do Governo Federal e Funai (Fundação Nacional do Índio)

O novo trecho alvo dos índios fica no sentido oposto ao do primeiro bloqueio, distante cerca de 160 quilômetros de onde estão concentrados os indígenas. Se a ocupação ocorrer, o acesso ao município de Castelo dos Sonhos ficará completamente bloqueado.

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