Pelo menos mil indígenas de diversas etnias bloqueiam desde as 7 horas da manhã desta segunda-feira, dois trechos da BR 230 (Transamazônica), em protesto contra o que eles classificaram de “descaso do governo para com as comunidades indígenas da região, que estão sem recursos para tocar suas atividades”, segundo Valmir Parintintin, servidor da Funai e um dos organizadores do protesto.

O primeiro ponto é na aldeia Marmelo, km 80, sentido Humaitá – Apuí, onde indígenas das etnias Parintintin, Tenharim, Pirarã, Já´hui, Apurinã, Mura, Munducuru, dentre outras bloquearam por completo a rodovia.

Um outro ponto, à altura da Rodovia do Estanho, Aldeia Mafuí, km 150, sentido Humaitá – Apuí, também está bloqueado. A Rodovia do Estanho, é via de acesso aos estados de mato Grosso e Rondônia, inclusive transporte de cargas e passageiros.

A comissão que organiza o bloqueio solicitou à administração regional da Funai em Porto Velho, que feche todos os escritórios daquele Órgão até que as reivindicações sejam atendidas. Uma outra comissão deve ir a Brasília na manhã desta terça-feira, onde deverá se encontrar com representantes do Ministério da Justiça, para tratar da questão.

A reportagem do jornal O Curumim conseguiu falar com um indígena morador da aldeia Vila Nova da etnia Tenharim, Domingos Tenharim, 46 anos, por volta das 16 horas desta segunda-feira.
Domingos Tenharim disse que “queremos a presença do presidente da FUNAI para ver a situação em que vivemos, não temos dinheiro pra comprar roupas, comidas e mais nada, antigamente fazíamos nossos artesanatos e ganhávamos um dinheiro com isso, hoje se fizermos isso estamos correndo risco do IBAMA nos prender, pois teríamos que usar penas de aves e outros que dizem que é proibido”.

O indígena revelou que só não bloquearam a rodovia no domingo, “para não atrapalhar as eleições”.
“Gostaria de mandar um recado para o presidente da FUNAI. Quando nos proíbem de fazer nossos artesanatos, estão tirando da gente até a nossa tradição, agora estamos fazendo este bloqueio e não vamos sair daqui enquanto nossas reivindicações não forem atendidas”. Finalizou aquele indígena.