Período de chuvas, problemas com processos de licitação e burocracia para compra de materiais. As desculpas para o atraso na construção da trincheira do trevo de acesso a Santa Luzia, na BR-381, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, são inúmeras, e ninguém assume a responsabilidade pela demora. Obrigados a enfrentar o trecho diariamente, motoristas sofrem com os constantes engarrafamentos.
O cronograma de obras foi prorrogado por cinco vezes, e o prazo para a conclusão dos serviços passou de outubro de 2006 para o segundo semestre deste ano. Nesta semana a obra está deserta, pois os militares do 11º Batalhão de Engenharia de Construção do Exército – mais conhecido como Batalhão Mauá, em homenagem a Irineu Evangelista de Souza (1813/1889), o barão de Mauá, um dos principais empresários do país do século 19 – estão em período de arejamento. Os militares retornaram para Araguari, no Triângulo Mineiro, a 569 quilômetros de Belo Horizonte, e só voltam ao trabalho na segunda-feira.
Segundo o comandante do batalhão, coronel Oriente Leal Filho, o método é comum entre as Forças Armadas e, por estarem longe de casa e trabalhando sem folgas, os militares têm direito a pausa nos serviços. “Trabalhamos com o sistema de tempo. A cada 30 dias, 25 são destinados às obras e cinco para o arejamento. Entretanto, se o rendimento estiver alto, o pessoal continua em serviço e o período da próxima folga aumenta”, explica.
O militar destaca que, independentemente da data do retorno, os trabalhos não param, com a manutenção dos processos administrativos, na sede do batalhão. “Somos apenas os executores, muitas tarefas atrasadas se devem à demora na revisão do projeto e do contrato”, afirma o comandante Oriente.
Agosto
Atualmente, 60 agentes do Exército estão trabalhando em Santa Luzia, nos processos de pavimentação e terraplanagem, com prazo para término dos serviços na primeira semana de agosto. No auge da construção, até 110 homens, entre soldados, oficiais, recrutas, cabos, sargentos e civis, executaram as obras. Entregue a pista, a rodovia será liberada para o tráfego e faltarão somente detalhes de acabamento, como a instalação da sinalização horizontal e vertical, além da drenagem.
De acordo com o Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit), órgão responsável pelo planejamento, foram necessárias mudanças no projeto da obra, orçada em R$ 7,8 milhões. Ocorreram também problemas na execução, como o forte período chuvoso do ano passado. “O Exército não executa todos os serviços. Alguns precisam ser terceirizados e é preciso abertura de licitação, o que atrasa o prazo vigente”, afirma o engenheiro da autarquia Deivison Matos Carvalho. Além disso, a construção da trincheira é feita por uma empresa particular, o que necessitou da publicação de edital de contratação.