O gerente de produtos Fabrízio Perez estava com passagem marcada para São Paulo ontem no vôo da TAM das 17h55.

Às 16 horas ele estava entrando num ônibus na rodoviária de Ribeirão Preto, com o mesmo destino. “Pedi cancelamento da passagem aérea. Tenho um pouco de restrição depois do acidente, além disso com todos esses atrasos e cancelamentos de vôos achei melhor ir de ônibus”, justificou.

O acidente com o Airbus A-320 da TAM na última terça-feira no aeroporto de Congonhas provocou um aumento na procura por passagens rodoviárias.

A reportagem apurou junto às empresas que fazem a rota Ribeirão Preto-São Paulo que houve um acréscimo em torno de 30% nos três últimos dias.

Somente uma das empresas colocou dez ônibus extras ontem, principalmente nos horários que permitem aos passageiros fazerem conexões de vôos em São Paulo, como no meio da manhã.

A cabeleireira aposentada Jurema Longo estava voltando para São Paulo depois de passar alguns dias em Ribeirão e viajaria de avião, mas a tia, Lídia Rosa de Angelis que iria com ela, não aceitou.

“Depois do acidente fico apreensiva, fico com medo. Não iria de avião. Prefiro curtir a paisagem”, declarou a tia.

Antes de entrar no ônibus para São Paulo o engenheiro de computação Rafael Sanchez disse que até entraria no avião, mas não se sentiria confortável.

“Tenho restrição porque já foram dois acidentes recentes e ainda não sabemos as causas”, afirmou.

O delegado regional da Associação de Agência de Viagens do Interior de São Paulo, Fernando Silva Santos, afirma que o acidente teve um reflexo direto na procura por pacotes turísticos.

“Nesses dois últimos dias sentimos uma queda em torno de 40% nas consultas. E a maioria que liga solicitando um pacote já pede que o roteiro não inclua o aeroporto de Congonhas”, explica.

Na avaliação de Santos as pessoas não estão com medo de viajar, mas estão com receio e preferindo esperar uma decisão do governo em relação aos problemas aéreos. “Em agosto começa a baixa temporada, nossa previsão é que seja mais fraca do que em anos anteriores”, avalia.

O acidente afetou também as viagens a negócios. O reflexo foi uma mudança de comportamento. Santos comenta que 80% dos seus clientes são empresas e mais de 50% dos executivos que a agência atende estão solicitando embarque em Guarulhos. Segundo ele, os empresários não querem enfrentar os possíveis transtornos que podem ter que enfrentar no aeroporto de Congonhas, como os atrasos nos vôos.

“Como em Ribeirão Preto apenas uma companhia desce em Cumbica, eles estão preferindo ir de carro ou de ônibus para São Paulo e embarcar direto em Cumbica”, explica.