MPF em Umuarama recomenda que policiais civis e militares não patrulhem rodovias em busca de crimes federais; para ele, as polícias estaduais precisam combater a criminalidade nas cidades
“Policiais civis e militares estão deixando o trabalho, dentro das cidades, para investigar e coagir crimes de alçada federal, nas rodovias da região. A conseqüência disso é o aumento de roubos, furtos, seqüestros-relâmpagos, homicídios, estupros e outros crimes”. Com esta justificativa o procurador da República, Robson Martins, recomendou aos comandos das polícias Militar e Civil que não façam rondas ou blitze nas rodovias municipais e estaduais da região, entre Guaíra e Umuarama.
O representante do Ministério Público Federal (MPF) explicou que ao contrabando e ao tráfico de drogas são atribuições da Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Receita Federal (RF). Martins observou ainda que, caso a recomendação não seja acatada, os atos dos policiais poderão resultar em crime de prevaricação e improbidade.
Martins salientou que os trabalhos na rodovia, tanto para policiais militares quanto para civis, só podem acontecer com autorização e justificação de investigação prévia fundamental para fins de elucidação de crimes estaduais. No mesmo documento, encaminhado às lideranças de segurança pública, o procurador aproveitou para recomendar que as instituições federais façam barreiras nas rodovias que cortam a região fronteiriça.
Como exemplo o promotor apontou a situação de Umuarama, onde, segundo ele, a situação da segurança pública é caótica. Ele destaca que mesmo com o número reduzido de policiais militares, principalmente das Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam), tem observado constantes apreensões na PR-323, sobretudo no trecho entre Umuarama e Francisco Alves. “Eles não estão desempenhando a real função para que se destinam, assim acabam deixando a população à mercê de bandidos de toda a espécie, dentro da cidade”, reforçou.
A reportagem procurou o comandante da 2ª Companhia da Polícia Militar, capitão Nilson Rodrigues, mas ele não quis comentar a recomendação do MPF. O oficial disse apenas que se tratava de um assunto administrativo e que a PM está empenhada em combater os roubos e furtos que ocorrem na cidade.
Já o delegado-chefe da 7ª Subdivisão Policial (SDP), em Umuarama, Antônio Ângelo Colombo, reconheceu a preocupação do MPF e afirmou que ainda no ano passado assinou uma portaria proibindo o trabalho de seus investigadores nas rodovias. “As desobediências foram severamente punidas. Vamos trabalhar conforme a recomendação do MPF, pois nosso objetivo é servir à comunidade umuaramense”.