Após cumprir extensa agenda em Rio Branco, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, acompanhado do presidente do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte (DNIT), Hideraldo Caron, do governador Jorge Viana e do diretor do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (Deracre), Sérgio Nakamura, foi verificar in loco os trabalhos de asfaltamento da BR-364 no trecho entre os municípios de Cruzeiro do Sul e Tarauacá. É a primeira vez na história do Acre que um ministro dos Transportes percorre de carro o trecho e sente na pele as dificuldades vividas por milhares de acreanos, que costumam ficar isolados do restante do Estado no período invernoso.

Segundo o ministro, as estradas do Acre impressionam por conta das dificuldades de execução e do isolamento das famílias que moram ao longo da rodovia.

“Essas estradas estão sendo realizadas graças a uma grande parceria da administração estadual com o governo federal. Fiquei muito impressionado com o que vi. Os trabalhos estão bastante adiantados e existem muitas máquinas trabalhando na obra, que só está sendo realizada por conta da determinação e firmeza do governador Jorge Viana”, disse.

A verificação in loco trouxe resultados positivos. O ministro anunciou a liberação de aproximadamente R$ 30 milhões para conclusão do asfaltamento em 84 quilômetros dos 124 cuja terraplanagem está sendo concluída.

“Estaremos liberando recursos para a conclusão desse trecho e depois é hora de pensar no trecho entre Feijó e Sena Madureira. Essa é uma estrada muito difícil de ser feita por conta da logística necessária”, garantiu.

Segundo o governador Jorge Viana, o plano de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um eventual segundo mandato traz três estradas como prioritárias – a 163, no Pará, a 158, no Mato Grosso, e a 364, no Acre.

Para o governador Jorge Viana, isso mostra o compromisso do governo federal com o Estado.

“Durante anos alguns políticos prometeram fazer essa estrada e nunca fizeram. Nós estamos empenhados em concluir essa obra, que não é uma obra fácil. Não é qualquer um que chega aqui e faz. É fácil falar, mas é difícil fazer”, afirma.

Desde que teve início a obra de asfaltamento da BR-364, em 2000, os governos federal e estadual investiram mais de R$ 132 milhões.

Em toda a extensão da obra foram realizadas 10 pontes, totalizando 962 metros. Outras quatro estão em fase de execução, cuja extensão soma 455 metros. Também foram construídos 22 quilômetros de bueiros e 32 de drenos.

“Temos aqui 260 máquinas trabalhando e 770 homens. Entre uma chuva e outra, vamos seguir até o ponto máximo para que possamos concluir o previsto na obra para este ano”, explica o diretor do Deracre, Sérgio Nakamura.

Dificuldades são muitas

Fazer a BR-364 é um desafio enfrentado por poucos. Dificuldades é o que não faltam. Segundo o diretor do Deracre, Sérgio Nakamura, a falta de acesso é a principal delas.

“O cimento, o material asfaltico, os equipamentos, o aço, todos os insumos precisam ser transportados em balsas de Manaus ou Porto Velho para chegar até aqui”, conta.

Para se ter uma idéia, as máquinas utilizadas na obra saem de Brasília e viajam até Porto Velho pela estrada. De lá saem em balsas para Manaus e de Manaus chegam a Cruzeiro do Sul ou Tarauacá, dependendo do trecho em que serão utilizadas. Todo esse percurso, de 6.816 quilômetros, leva aproximadamente 55 dias.

“O que estamos fazendo aqui não é uma simples estrada. Isso aqui é uma epopéia”, garante Jorge Viana.

Outro problema enfrentado pelas construtoras responsáveis pela obra diz respeito ao solo argiloso (tabatinga), que precisa ser retirado até certa profundidade e depois misturado com areia para que a estrada tenha durabilidade.

“Em cada quilômetro gastamos 4.080 sacos de cimento e ainda temos um outro problema, que são os inúmeros córregos, leitos de vale e igarapés. Diferentemente da 364, eles estão em sentido transversal à rodovia, ou seja, cortam a pista. Isso faz com que seja necessária a construção de bueiros, galerias e todo um sistema de drenagem ao longo da rodovia”, explica Sérgio Nakamura.

O asfaltamento da BR -364 é um sonho acalentado por milhares de pessoas que moram nos municípios localizados ao longo da rodovia e vivem todos os anos o drama do isolamento. Pessoas como o agricultor Luiz Antônio, que reside nas proximidades do rio Gregório, divisa entre os municípios de Tarauacá e Cruzeiro do Sul, há 42 anos.

Segundo ele, ver a obra sendo realizada e saber que as dificuldades do passado não irão mais ser enfrentadas, nem por ele, nem pelos filhos e netos.

“Vê isso aqui acontecendo é bom demais. A gente enfrentava muita coisa ruim aqui por causa das dificuldades”, conta.

Antônio lembra as vezes que teve que enfrentar dias subindo e descendo o rio para poder procurar remédio ou outra coisa necessária no momento.