Cerca de 200 integrantes do acampamento “Santo Dias”, que o MLST (Movimento de Libertação dos Trabalhadores Rurais Sem-terra) mantém na fazenda da Barra, em Ribeirão Preto, fizeram ontem uma ocupação-relâmpago do pedágio localizado no Km 327,5 da rodovia Attilio Balbo (SP-322), em Sertãozinho.
Em quatro ônibus fretados, os manifestantes chegaram ao local pontualmente às 10h e interditaram todas as passagens, nos dois sentidos. Empunhando bandeiras, homens, mulheres e adolescentes postaram-se diante das cancelas, impedindo a passagem dos veículos.
Não houve reação dos funcionários da Vianorte, concessionária que administra a rodovia há nove anos e cuja sede fica ao lado do pedágio ocupado. Helvécio Tamm, diretor-superintendente da Vianorte, acionou a Polícia Militar.
Às 10h17 chegou o tenente Eduardo da Silva, comandante da Força Tática da PM de Sertãozinho. Ele pediu que os manifestantes indicassem um líder para negociar, mas obteve como resposta “que todos os 200 sem-terra eram líderes”. Alegando que existiam pessoas doentes em veículos que se dirigiam a hospitais, pediu que liberassem uma via em cada sentido, o que também foi negado.
O tenente Eduardo disse então “que a conversa vai ser diferente” e deu um telefonema pedindo “o choque completo”, numa referência à Tropa de Choque da PM, indicada para o controle de multidões.
Às 10h29, motoristas irritados com a demora derrubaram cones de sinalização para fazer o retorno.
Às 10h32, após consultar dois líderes do MLST que vieram de São Paulo, o coordenador regional, Marcos Praxedes, começou a desocupação do pedágio, depois que o diretor da Vianorte atendeu uma única exigência – que os motoristas obrigados a espera de meia hora pudessem passar pelas cabines sem pagar a tarifa de R$ 3,70 (por automóvel).
Muitos motoristas, ao notar a passagem liberada, buzinavam e acenavam para os manifestantes. Às 10h46 a fila, que havia chegado a três quilômetros no sentido Ribeirão-Sertãozinho, já havia desaparecido.
O tenente Eduardo disse que não foi possível fazer nenhuma prisão devido à impossibilidade de identificar os líderes do protesto.
Lei no Congresso motivou protesto do MLST
Marcos Praxedes, do MLST, disse que a ocupação do pedágio foi um protesto contra a emenda 3, incluída por parlamentares na lei que criou a SuperReceita. Ela proíbe que os auditores fiscais multem ou desfaçam pessoas jurídicas quando for constatado que a relação de prestação de serviços é, na verdade, relação trabalhista.
“Também queremos que o Incra inicie o mais rápido possível a seleção das famílias que serão contempladas com lotes na fazenda da Barra”, disse.
Helvécio Tamm, da Vianorte, disse que não era possível calcular o prejuízo pela liberação da passagem no pedágio. Segundo ele, por aquela praça passam cerca de 20.000 veículos/dia – ou 1.000/hora.