Para os caminhoneiros, o uso do rebite é comum. Há 30 anos nas estradas, Paulo Régis Gonçalves admitiu que já trabalhou por 32 horas consecutivas sob efeito da anfetamina e que as vezes ainda faz uso da substância para ficar acordado na direção. “Já não fico tanto tempo sem dormir. Quando a pessoa passa de 24 horas só usando o rebite, começa a ver fantasmas no caminhão, cavalos e outras coisas. Isso já aconteceu comigo”, relatou.

Segundo ele, a possibilidade de aumentar o salário e a ansiedade para chegar em casa são os principais fatores que influenciam na decisão de se drogar. Paulo afirmou que nunca usou cocaína, mas que nos postos de gasolina na beira das rodovias é normal ver colegas de profissão fazendo uso da droga.

“No próprio posto tem gente que vende cocaína, é muito fácil comprar. O rebite também tem gente que vende no posto. Com cinco reais você compra um comprimido. Toma depois da janta, dorme por uma hora e ele te acorda sozinho. Depois você não desliga mais”, disse Paulo. O problema maior surge quando o efeito da droga passa, pois o cansaço, quase insuportável, chega de repente.

“O caminhoneiro toma o rebite e, se depois ele esquece de tomar outra dose, corre o risco de apagar de repente no volante”, apontou o policial rodoviário federal, inspetor Clarindo Ferreira. O agenciador de cargas José Alves Ferreira estimou que apenas 20% dos trabalhadores trafegam em condições normais. “Quando eles não estão alcoolizados, muitas vezes usam o rebite ou misturam a borra da cocaína com maconha”, relatou.