O tacógrafo da carreta com placas de Cascavel, que causou o segundo acidente na BR-282, na noite de terça-feira, ainda não foi periciado oficialmente. Ontem à tarde, o motorista do caminhão Rosinei Ferrari foi ouvido pelo policial rodoviário federal Fernando Beilfus ouviu e alegou falta de freio no veículo.
Trinta feridos nas duas colisões continuavam internados até ontem à noite em hospitais de Maravilha, São Miguel do Oeste e Chapecó, onde está Luiz Michellon, o ferido em estado mais grave e na UTI. Em Pinhalzinho, todos os oito internados na terça-feira foram liberados no dia seguinte.
Até o final da tarde de ontem, o perito da delegacia de São Miguel do Oeste, Luiz Maran, ainda não havia recebido o material recolhido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Maravilha e encaminhado à Polícia Civil local. Na Polícia Civil de Maravilha, a informação era de que o tacógrafo havia sido encaminhado para São Miguel do Oeste no final da tarde.
Luiz Maran disse que as informações de que o motorista da carreta, Rosinei Ferrari, estava a 100 km/h ou mais, como inicialmente cogitado, são extra-oficiais.
O perito afirmou que, de posse do tacógrafo, poderá precisar a velocidade no momento da colisão, quantos metros o caminhão percorreu, a velocidade média do último deslocamento e se ocorreram pausas bruscas. A previsão é que até o final da próxima semana ele já tenha em mãos estas informações.
Maran disse que os tacógrafos do ônibus de São José do Cedro e do caminhão de Frederico Westphalen (RS), envolvidos no acidente, ficaram destruídos na colisão.
A PRF deve concluir o boletim de ocorrência com as informações sobre o acidente em 10 dias. As informações serão repassadas para o delegado da Polícia Civil de Descanso, Rudinei Charão Teixeira, responsável pelo inquérito.
Movimentação de curiosos aumenta risco de novo acidente no trecho
O policial rodoviário federal Antonio Gilmar Freitas disse que os trabalhos no local do acidente encerraram, embora a constante visitação de curiosos cause preocupação.
– O motorista de uma carreta parou no posto policial e afirmou que quase atropelou seis pessoas na pista.
Regularmente veículos da Polícia Rodoviária Federal estão indo até o local. Cerca de 50 veículos já foram multados. Freitas disse que o artigo 181 do Código de Trânsito Brasileiro proíbe estacionar no acostamento das rodovias, salvo por motivo de força maior, com a devida sinalização. A infração é leve, com multa de 50 Ufirs (em torno de R$ 50) e três pontos na carteira. O veículo também fica sujeito a guincho.
Para evitar nova tragédia, o policial rodoviário Marco Antônio Cunha também fez um apelo para que a população evite parar no local.
A PRF solicitou que a empresa Rodocon, responsável pela manutenção da rodovia, colocasse sinalização e pessoal monitorando o local.
Quatro funcionários evitam que os curiosos estacionem, pelo menos, próximo ao local conhecido como a “Curva do Túnel”.
Valdir Schmitt, um dos responsáveis por monitorar o trânsito, disse que durante todo o dia muitos carros pararam para ver onde aconteceu o acidente. Alguns batem fotos, outros fazem o sinal-da-cruz, mas todos ficam surpresos ao ver onde as vítimas caíram e imaginar a gravidade da situação.
Entre os que estiveram no local no final da tarde de ontem, estavam os empresários Sílvio Fossatti, de Formosa do Sul, e Cláudio Spagnolo, de Erechim (RS).
O primeiro era cunhado e o segundo, irmão de uma das vítimas, Cladimir Spagnolo, de São José do Cedro. Cladimir estava no ônibus da Cooperativa Regional Alfa que retornava da festa dos 40 anos da cooperativa, em Chapecó.
– Ele era um dos coordenadores do grupo, devia estar bem na frente – comentou Sílvio.
Cláudio disse que o corpo do irmão foi encontrado soterrado pela carga de soja do caminhão de Frederico Westphalen. Ele não se conforma com o acidente, pois o caminhão fez a ultrapassagem próximo a uma curva.
Antes de se despedir do local, registrou as cenas do trecho onde morreu o irmão, tirando uma fotografia com o celular.