Uma professora aposentada de 58 anos dirigiu por cerca de oito quilômetros na contramão na rodovia dos Imigrantes na noite de anteontem, em pleno horário de pico da descida para o litoral de São Paulo durante o feriado.
Com o seu Fiat Uno 2007, ela obrigou cerca de 350 carros a desviarem do seu veículo, furou um bloqueio policial e só parou ao chegar perto de um posto da Polícia Rodoviária Estadual. À polícia, ela alegou que decidiu voltar pela contramão após perceber que não teria dinheiro para pagar o pedágio.
Segundo a concessionária Ecovias, responsável pela administração da rodovia, funcionários do pedágio do km 32 da Imigrantes viram, por volta das 22h10 de anteontem, o Uno da professora Lídia Vitielo parar a cerca de 300 metros da praça de cobrança. Ela manobrou, entrou na contramão pela pista da esquerda e acelerou em direção a São Paulo.
Durante o trajeto pela contramão, ela foi acompanhada por um carro da Polícia Rodoviária Estadual, que a seguiu pelo acostamento.
Funcionários da Ecovias e da polícia tentaram diminuir o fluxo de veículos que iam em direção à aposentada montando um “falso comboio” –veículos da concessionária foram para a pista para forçar os demais motoristas a reduzir a velocidade– na altura do km 24 da rodovia, segundo Eduardo Gregório, gerente de operações da concessionária.
Simultaneamente, policiais rodoviários montaram um bloqueio parcial da pista na altura do km 25. A aposentada, porém, desviou o carro do bloqueio e não parou. Depois de guiar por um período de sete minutos, a aposentada decidiu parar. O espelho retrovisor e o vidro da lateral traseira do veículo estavam danificados. A polícia não soube dizer o que causou os danos.
Exames
A professora foi detida e levada para o pronto-socorro municipal de São Bernardo do Campo, no ABC. Isso porque, segundo a polícia, ela aparentava estar embriagada e não tinha condições de ser interrogada.
Ela concordou em fazer um exame de sangue que revelará se consumiu álcool. Após passar a noite em observação, foi liberada na manhã de ontem.
O resultado do exame determinará se ela será indiciada por dirigir embriagada. Caso o exame dê negativo, ela responderá apenas por direção perigosa.
No carro da aposentada, foram encontradas três latas de cerveja fechadas.
Uma amiga da filha adotiva de Lídia disse que a aposentada é alcoólatra e sofre de problemas psicológicos. Ela, ainda segundo essa amiga, foi internada por cerca de dois meses em um hospital psiquiátrico.
A filha dela, Roseli Frederico, 40, disse que a professora havia saído de casa, em São Roque (a 59 km de SP), na terça-feira dizendo que iria a um médico. “Ela já tinha dito que queria me matar”, disse.
Dinheiro
Em depoimento à polícia, a professora alegou que não tinha dinheiro para pagar o pedágio, no valor de R$ 15,40. A Ecovias dá duas opções a motoristas nessa situação. A primeira é levar um boleto bancário para pagar a dívida em cinco dias e seguir viagem. A segunda opção é ser escoltado pela polícia até o próximo retorno e voltar ao ponto de partida.
Segundo a polícia, não é a primeira vez neste ano que um motorista é flagrado dirigindo na contramão da rodovia dos Imigrantes. No dia 5 de abril, um engenheiro de 29 anos foi detido às 3h por policiais rodoviários no km 20.
O motorista, segundo a polícia, também aparentava estar embriagado e se recusou a fazer o teste de dosagem alcoólica. Segundo a polícia, ele dirigiu por aproximadamente cinco quilômetros e não bateu em ninguém. Disse ao ser detido que havia se enganado de pista.