Obras com atrasos, em alguns casos, de mais de um ano, intervenções mal planejadas e conseqüente desperdício do dinheiro público. O triste recorde brasileiro do maior número de mortes em rodovias federais conquistado por Minas, na semana santa e também no carnaval, é justificado pelas dificuldades do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) em dar resposta rápida aos problemas das BRs no estado. Reformas ainda não concluídas, em mais de 10 trechos da malha federal mineira, muitos deles em pontos críticos das estradas, comprovam a situação.

Em Muzambinho, Sul de Minas, a BR-146 está interditada no km 451,9 e os transtornos se arrastam desde fevereiro do ano passado. Uma cratera aberta por causa do rompimento de um bueiro obriga os veículos a passarem por um desvio de uma pista. “Depois de quatro meses de espera, o Dnit fez uma operação tapa-buracos. O asfalto afundou e, só então, descobriram que o problema era nas galerias”, diz o diretor do departamento de Engenharia da prefeitura, Evandro Pinto. Moradores de Alfenas, Cabo Verde, Monte Belo e os motoristas que passam pela rodovia para chegar à Fernão Dias sofrem com as condições ruins de trafegabilidade.

Outra obra que não atingiu os objetivos foi feita pelo departamento na BR-262, km 28,8, em Reduto, na Zona da Mata. Em janeiro, a pista no sentido Manhuaçu/Vitória ficou interditada por 30 dias, devido a problemas na cabeceira de um viaduto. “Ficamos desgastados de tanto pedir ajuda. A via ficou um ano afundando e o Dnit não fez nada”, reclama o chefe de gabinete, Guilherme Júlio de Oliveira. Depois da interdição, o departamento entregou a reforma, mas os problemas continuam.

Erosão

Desde abril de 2006, a BR-452, no km 221, em Santa Juliana, no Alto Paranaíba, está em obras. A pista foi interditada devido ao abatimento do solo provocado por uma erosão. Com o período chuvoso, a situação piorou e o desvio, não pavimentado, suportou o trânsito de forma precária. Segundo a arquiteta da secretaria municipal de Obras, Magali Carneiro, a recuperação necessária é complicada, porque o terreno, de difícil acesso, é muito rochoso.

Já na BR-116, em Além Paraíba, Zona da Mata, uma depressão no km 813,8 coloca em risco a vida de motoristas. O secretário municipal de Obras, Flávio Galhardo, alerta para os perigos. “Colocaram quebra-molas, mas a descida é forte e em curva. Vários caminhões já capotaram ou quebraram nesse trecho. O Dnit, em parceria com a prefeitura, fez uma obra improvisada, prometeram solução rápida, mas está demorando muito”, critica. O prefeito de Guarará, Lair Silvas (PSDB), na mesma região, também chama a atenção para os riscos da BR-267, no km 58. Uma barreira caiu no local, há mais de um ano, e, de acordo com o prefeito, a pista estreita, o carreamento de sedimentos e o trânsito intenso, quase dentro da cidade, são prenúncio de tragédia. “Só ouvimos promessas, mas nada é feito”, diz.

No local e no km 28,3 da BR 267, em Argirita, o DNIT afirma ter decretado situação de emergência para liberação das verbas necessárias. Ainda estão em obras a BR-381, perto do km 600, em Oliveira, e a BR-262, na altura do km 418, em Igaratinga, assim como a BR-267, km 90, em Juiz de Fora e a BR-365, km 393, em Patos de Minas.

O superintendente regional do DNIT em Minas Gerais, Sebastião Abreu Ferreira, informa que não há qualquer interdição em trechos de rodovias federais no estado. Segundo ele, em pontos isolados, menos da metade dos trechos citados, o tráfego foi desviado ou ocorre em meia pista, por causa das obras. As soluções, acrescenta, não causam transtorno aos usuários das rodovias. Conforme o departamento, os desvios são providenciados assim que as prefeituras comunicam os problemas. Os passos seguintes – elaboração do planejamento da intervenção e repasse dos recursos – demandam mais tempo.