O Plano de Aceleração do Crescimento, lançado esta semana pelo presidente da República, não inclui a conclusão da pavimentação da Estrada Boiadeira (BR-487), que liga Campo Mourão a Cruzeiro do Oeste. A expectativa das lideranças das microrregiões de Campo Mourão e Umuarama era de que a obra fosse incluída, já que o PAC contempla várias obras nas áreas de transporte e logística no Paraná.
O conclusão do asfaltamento vem sendo prometida há décadas à população e foi reforçada por ocasião das campanhas eleitorais de 2004 e 2006. Mas ao invés da Boiadeira, o governo federal preferiu orçar recursos para a pavimentação da BR-153, a Transbrasiliana. Em 2005, um novo movimento foi encabeçado pelos prefeitos de Campo Mourão, Nelson Tureck e de Cruzeiro do Oeste, Zeca Dirceu, envolvendo até mesmo as igrejas. No ano passado, porém, pouco se falou sobre o assunto.
O empresário João Sérgio Kffuri, que é membro da Boca Maldita, disse à TRIBUNA que a confraria pretende realizar um manifesto na Estrada, logo após a posse dos deputados, que acontece na próxima semana. “Vamos fazer um movimento grande na Boiadeira. Queremos reunir um grupo de Cruzeiro do Oeste e outro de Campo Mourão. Mais uma vez ficou provado que não temos força política para incluir a Boiadeira nos projetos do governo”, disse Kffuri. No início da década de 90 a Boca Maldita chegou a fazer bolo para marcar os aniversários das promessas não cumpridas de asfaltar a estrada.
O deputado estadual Douglas Fabrício, que assume o cargo no próximo dia 1º de fevereiro, disse que pretende levantar todas as informações sobre a Estrada Boiadeira. “Quero ficar por dentro de como estão os projetos em Curitiba e já entrei em contato com pessoas responsáveis por esse assunto na capital para depois então mostrar como está a situação da Boiadeira. Todos juntos vamos trabalhar para que esse asfaltamento seja concluído”, disse Fabrício.
A conclusão do asfaltamento da Boiadeira transformou-se na principal bandeira política após os trabalhos terem sido paralisados na década de 80. Desde então o assunto “Boiadeira” sempre esteve nos palanques eleitorais, inclusive na eleição passada, quando o governador Roberto Requião disse em Campo Mourão que o Estado pagaria a metade do asfaltamento se o governo federal pagasse a outra.
A Boiadeira é a ligação mais curta entre o Mato Grosso do Sul com o Porto de Paranaguá. O abandono da via, porém, obrigou as famílias de produtores rurais a abandonarem suas propriedades às margens da estrada, o que segundo os prefeitos da região causou um grande prejuízo aos municípios. Em alguns trechos, para amenizar a situação, enquanto o asfalto é aguardado, as prefeituras realizam serviços de patrolamento, o que não é suficiente para resolver o problema. Nos 22 quilômetros entre Tuneiras do Oeste e Cruzeiro, por exemplo, é possível trafegar apenas em 8 quilômetros.