Trafegar pela Perimetral Norte nesta época do ano – com as chuvas ainda castigando a região – exige dos motoristas cuidados redobrados. Nos mais de 200 quilômetros de extensão da rodovia, que liga Macapá a Serra do Navio, passando pelos municípios de Porto Grande e Pedra Branca do Amapari, os enormes atoleiros continuam prejudicando milhares de pessoas. Para os motoristas o cenário é desolador, qualquer descuido pode representar horas maçantes, prejuízos financeiros ou até resultar em acidentes fatais.
A viagem, que poderia ser de duas horas e meia no caso da rodovia pavimentada e asfaltada, chega a durar de quatro a seis horas. Os aclives e declives, margeados por barrancos que chegam a mais de dez metros de profundidade, deixam os motoristas em constantes sobressaltos. Em alguns trechos os veículos simplesmente deslizam devido ao lamaçal formado nos sopés dos declives. Cada manobra requer cautela em triplo para evitar que o veículo derrape, sem controle, em direção aos abismos.
A Perimetral Norte é uma rodovia federal, contudo, não recebe o tratamento vip que merece do Ministério dos Transportes. Abandonada pelos governos, a cada inverno revela-se emblemática do desleixo político-administrativo de quem está no poder. Para o motorista Abel Jorge, este ano está sendo igual aos outros. “Passo por aqui há muito tempo, e os problemas continuam se repetindo”, comenta ele, acrescentando que mesmo com as mineradoras MMX e MPBA instaladas na região, a rodovia Perimetral Norte permanece esquecida.