Minas Gerais está no topo das estatísticas de acidentes em estradas federais não só por ter a maior malha rodoviária sob a guarda da União –cerca de 11 mil km–, mas porque os motoristas estão acelerando mais, avalia a PRF (Polícia Rodoviária Federal).
“Isso é preocupante”, disse o inspetor Aristides Júnior, chefe do setor de Comunicação Social da PRF em Minas. Para ele, a julgar pelas 26 mortes em acidentes em estradas federais no Estado no Natal –feriado tranqüilo em relação a outros–, a perspectiva para o Réveillon é pior. Ao todo, somando os acidentes em estradas estaduais, foram 44 mortes no Estado nesse feriado.
Pela primeira vez, as ocorrências do Natal em Minas superaram as do Carnaval, tradicionalmente o período mais violento nas estradas. Em quatro dias do feriado de Natal foram registrados 117 acidentes e duas mortes a mais do que nos cinco dias do Carnaval.
“As estradas estão melhores do que há um, dois anos. Se elas melhoraram, os números [de acidentes] deveriam reduzir, mas estão só aumentando, porque os motoristas perderam o medo de cortar o pneu, de amassar a roda, e agora podem frear com velocidade maior. Estão mais agressivos.”
Júnior acrescentou: “Se a agressividade se repetir, a perspectiva para o Réveillon é trágica por ser um feriado de características diferentes. As pessoas bebem mais, acham que pode fazer qualquer coisa”.
A situação em Minas se agrava porque o efetivo de fiscalização da PRF, que não é divulgado, é “três vezes inferior” ao necessário, segundo o inspetor, porque apenas a Fernão Dias –que liga Belo Horizonte a São Paulo– é duplicada e pelo tipo de relevo.
A posição geográfica faz com que o Estado seja passagem para regiões turísticas como o litoral do Espírito Santo, o Nordeste e o Rio de Janeiro. Segundo a PRF, muitos motoristas que se acidentam em Minas são de outros Estados.
“Temos um relevo extremamente acidentado, com grande número de curvas, serras, subidas e descidas. E só há uma grande rodovia duplicada [Fernão Dias]. Praticamente as outras todas são rodovias de pista simples, em que os acidentes são mais graves.”, disse Júnior.
Na avaliação da PRF no Estado, muitos paulistas e brasilienses se acidentam em Minas porque estão acostumados a trafegar em rodovias duplicadas, em velocidades maiores.