Mais de três quilômetros de congestionamento. Este foi o saldo até as 13h, durante a paralisação dos suinocultores que começou as 9h da manhã.

Só no trevão do Irani, no Oeste do Estado, quatro rodovias que ligam a região a outros estados, regiões e litoral ficaram fechadas, acumulando carros, caminhões e carretas nos quatro sentidos da pista. No local, estiveram aproximadamente mil suinocultores, que vieram de diversos municípios da região Oeste.

Outros trevos como São Miguel do Oeste, Chapecó, Xanxerê, Joaçaba e no Sul do Estado, foram fechados simultaneamente. O objetivo do movimento foi que os órgãos públicos, federais e estaduais, se sensibilizem com a situação do suinocultor, que é de falência.

Segundo o vendedor de Nutrição Animal para suínos, Jair Toniello, de Seara, o protesto é o sinal extremo de que a suinocultura está por desaparecer, “porque o produtor só sabe trabalhar, cuidar da sua propriedade e quando toma uma atitude destas, é de desespero”, lamenta. Toniello destaca que vive basicamente da suinocultura e lembra que a economia dos municípios da região gira em torno da atividade e estão perdendo arrecadação. “Esperamos com este movimento sensibilizar os órgão responsáveis, para que olhem com atenção para toda cadeia produtiva, que envolve muita gente”. O agricultor e coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar de Irani, Adelmo Lohmann, disse que os agricultores apóiam a iniciativa dos suinocultores e estavam lá para incentivar e reforçar o grupo. Já o suinocultor de Irani, Domingos Genaro, disse que há 15 anos trabalha com suínos em parceria, mas nunca passou por uma situação igual. “Quando a situação aperta, precisamos fazer alguma coisa para não morrer, por isso estamos aqui.

Não é de nosso costume fazer isso, mas é a última alternativa”, salientou.

Presente no manifesto, o vice-prefeito de Iomerê, capital catarinense da suinocultura, cuja movimentação econômica do município, 87% vem da suinocultura, disse que o manifesto é ordeiro e pacífico, mas é preciso mostrar força e quantas famílias inteiras sobrevivem da atividade.

Durante o fechamento das estradas, centenas de pessoas tiveram que paralisar suas atividades, interromper viagens por conta do manifesto. O caminhoneiro Bento Costa Júnior, do Espírito Santo, que tinha uma carga de ração para agroindústrias, disse que não tem nada a ver com as dificuldades do setor e por isso não achava justo ser prejudicado, atrasando sua viagem e as entregas.

Outro motorista, Valdir Camargo de Cruzeiro do Sul (RS), estava viajando para Piratuba, desabafou: “agora com este problema, por quantas horas vou ter que ficar aqui parado? Penso que protestos devem ser feito de outras formas, não fechando as estradas”, salientou.

Indignado estava o empresário do ramo de madeiras, Derli Antonio Santin, afirmando que o protesto só atrapalha a vida de quem está trabalhando, “quem sofre é a população que tem que ficar aqui parada”. Sugestões foram apresentadas pelo industriário João Valdemar dos Santos de Chapecó. “Porque os suinocultores não fecham a Sadia, a Seara, a Perdigão, a Aurora, não deixando entrar nem sair nada. As agroindústrias têm poder para fazer pressão no governo federal, nós não”, disse.

As rodovias foram liberadas para o tráfego normal a partir das 13h em todos os pontos de Santa Catarina. Com informações da assessoria de imprensa da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos.