A união entre planejamento administrativo e tecnologia moderna permitiu ao Governo do Paraná recuperar quase 5 mil quilômetros de rodovias estaduais gastando em média 25% do que custaria uma restauração tradicional. O programa de obras em rodovias estaduais, iniciado em 2003, aplicou em média R$ 100 mil por quilômetro de estrada recuperada. A restauração tradicional custa cerca de R$ 400 mil por quilômetro.

“Aplicamos muita tecnologia para que os recursos disponíveis, embora muito superiores aos do governo anterior, fossem capazes de resolver o problema que tínhamos pela frente. Herdamos 4 mil quilômetros de rodovias pavimentadas em péssimo estado”, explica o secretário dos Transportes, Rogério Tizzot.

A primeira medida administrativa foi reduzir em 30% a tabela de preços das licitações. O pagamento em dia dos serviços permitiu ao Departamento de Estradas de Rodagem (DER) obter descontos adicionais nos preços. “Passou a haver competição nas licitações. Com isso, conseguimos descontos de 15%, 20% e até 30% nos contratos”, diz o secretário.

Para diminuir os custos das obras, os engenheiros do DER analisaram a estrutura das rodovias a serem recuperadas, para indicar quais trechos precisariam de intervenções mais profundas e quais requeriam cuidados mais simples. A idéia é que uma rodovia é uma rede de pavimentos, alguns em melhor estado que outros. Assim, cada trecho requer uma solução específica.

Os trechos em pior estado receberam intervenções profundas, como a reciclagem do asfalto, que rejuvenesce o pavimento existente, reduzindo custos e danos ambientais. Outros, em melhores condições, precisaram apenas de obras leves. “Depois de recuperadas, todas as rodovias receberam micro revestimento com adição de polímeros. Usamos também asfalto borracha ou tratamento superficial, conforme o caso”, explica Tizzot.

Investimento em tecnologia — O microrevestimento é uma camada fina de asfalto com adição de polímeros. É mais flexível, resistindo melhor ao tráfego, e mais seguro, reduzindo os riscos de derrapagem e a formação de spray d’água pelos pneus em dias chuvosos. O asfalto borracha usa resíduos de pneus usados misturados ao asfalto. O tratamento superficial é um revestimento usado em rodovias de menor tráfego, mais barato e eficiente que o revestimento convencional.

Mais baratas e modernas que os sistemas tradicionais de recuperação de rodovias, as obras executadas a partir de 2003 foram também mais rápidas. “Chegamos a ter até quatro quilômetros de rodovias recuperados por dia”, diz o secretário. “Estabelecemos que as empresas responsáveis pelas obras deveriam associar-se a distribuidoras de asfalto. Com isso, acabamos com um problema comum em obras rodoviárias — a empresa vence a licitação mas não tem recursos para comprar o asfalto à vista, atrasando o trabalho”, afirma.

Além das obras de restauração, o DER está investindo na manutenção das estradas. Ela inclui desde medidas simples, como desobstruir as canaletas laterais que escoam a água da chuva até o recape com lama asfáltica, para prolongar a vida útil do pavimento.

R$ 1,2 bilhão em obras — O Governo do Paraná chega ao final de 2006 com 5 mil quilômetros de rodovias recuperadas e obras novas, sem cobrança de pedágio. Do total, 4,2 mil quilômetros estão concluídos, e 823 têm obras em andamento. “As rodovias voltaram a ser prioridade para o governo. Nesses últimos quatro anos estão sendo aplicados R$ 1,2 bilhão na recuperação, pavimentação e duplicação de 5 mil quilômetros de rodovias”, afirma Tizzot.

O anuário Exame 2006-2007, publicado pela Editora Abril, coloca o Paraná no segundo lugar do ranking de conservação de rodovias do Brasil, com 59% das estradas em ótimas ou boas condições. O anuário utilizou índices de conservação de rodovias apontados pela Confederação Nacional de Transportes (CNT), que diagnostica todos os anos as condições das principais estradas federais, estaduais e pedagiadas que cortam o Estado.

Dados do DER mostram que, caso fossem considerados somente os cerca de 10 mil quilômetros pavimentados sob jurisdição do Estado, o Paraná apareceria com 75% das estradas em condições ótimas ou boas.

Mais obras — O Governo do Paraná prepara novas obras para os próximos anos. A meta é abrir os caminhos alternativos às estradas pedagiadas. A previsão é que sejam investidos cerca de R$ 200 milhões na pavimentação, recuperação e ampliação da capacidade de rodovias. Algumas já têm trechos recuperados e em uso pelos motoristas.

Uma deles é a Estrada do Cerne (PR-090) que vem sendo pavimentada por meio de parceria com o Exército Brasileiro desde março de 2006, com investimento de R$ 8,5 milhão. Na primeira fase, estão sendo pavimentados os 16 quilômetros entre Campo Magro e Bateias. Pelo convênio, o Exército executa sem ônus para o Estado o projeto de engenharia para a pavimentação de outros 20 quilômetros.

A duplicação da BR-467 entre Cascavel e Toledo continua em 2007. São 45 quilômetros de obras, com investimento de R$ 70 milhões. Também estão sendo duplicados os quatro quilômetros da PR-323 que cortam o perímetro urbano de Paiçandu, na ligação com Maringá. O trecho é bastante movimentado e cheio de quebra-molas, que tornam o tráfego lento mas não contribuem para a redução de acidentes.