Se depender do ritmo da liberação de recursos pelo governo federal, a rodovia BR-163 (Santarém-Cuiabá) vai demorar mais de 100 anos para estar totalmente asfaltada. Em pleno verão, quando as obras deveriam estar a todo vapor, as máquinas trabalham em ritmo lento por falta de dinheiro. Na semana passada, o comando do 8º Batalhão de Engenharia e Construção (BEC), responsável por um trecho da obra no Pará, informou ao governo do Estado e lideranças empresariais de Santarém que o cronograma de liberação de verbas está atrasado.

O comandante do Batalhão, coronel Ribeiro, informou ao vice-governador Odair Corrêa e à Associação Comercial e Empresarial de Santarém (Aces) que o projeto era entregar até o final deste ano 40 quilômetros de rodovia pavimentados. O comando mantém a meta, mas os recursos liberados até agora não serão suficientes para a obra. De acordo com Rubson Santana, diretor da Aces, do valor de R$ 25 milhões orçado para a primeira etapa, só foram liberados R$ 14 milhões. Destes, R$ 10 milhões foram utilizados no ano passado, R$ 4 milhões encontram-se à disposição do BEC e faltam ainda R$ 11milhões.

O uso dos recursos que estão em caixa demorou devido ao atraso na liberação da licença ambiental pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O licenciamento deveria ter sido concedido em janeiro, mas saiu somente agora, em julho. Segundo informou o coronel Ribeiro, a necessidade de repasse dos recursos Ministério dos Transportes é o único fator que pode evitar que se cumpra a proposta de asfaltamento na previsão antes definida, que é de 40 quilômetros no trecho entre Santarém e Rurópolis.

O vice-governador Odair Corrêa, que é santareno, demonstrou preocupação com o ritmo das obras e informou que vai articular uma visita à região do diretor-geral do Departamento Nacional de Infra-estrutura em Transportes (Dnit), Luís Antonio Pagot. O objetivo é sensibilizar o mesmo para que a liberação dos recursos para pavimentação da rodovia ocorra de forma mais acelerada, principalmente pela obra constar no Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) do governo federal.

O empresário Alaércio Cardoso, vice-presidente da Aces e que também esteve reunido com o comandante do 8º BEC, destacou a necessidade de se iniciar os trabalhos de conservação do trecho sem asfalto até Rurópolis, um dos piores de toda a rodovia. O coronel Ribeiro informou que em 15 dias deverá iniciar os trabalhos, garantindo que até o final de setembro o trabalho estará concluído, permitindo uma boa trafegabilidade naquele trecho.

O comandante informou que recebeu ordem de Manaus e Brasília para preparar o Batalhão para fazer o asfaltamento do trecho até Rurópolis até o final de 2010. Ribeiro disse ainda que tem autorização para terceirizar muitos serviços, o que vai ajudar a acelerar as obras.

Outra cobrança feita pela ACES é que o empresariado local e regional tenha mais acesso às aquisições de produtos e serviços do BEC. O coronel Ribeiro informou que realizará pregões em lotes de valores menores, até R$ 200 mil, de forma presencial, para possibilitar que os empresários locais tenham acesso ao certame.