Depois de quase cinco anos de guerra contra o pedágio, o governador Roberto Requião (PMDB) admitiu ontem negociar com as concessionárias a redução das tarifas cobradas no Paraná. Durante reunião da “escolinha”, Requião afirmou estar disposto a abrir o diálogo com as empresas, e propôs que as negociações sejam intermediadas pela Assembléia Legislativa.

Após o leilão das novas concessões de rodovias federais, há duas semanas, onde as tarifas estipuladas para os três trechos que cortam o Paraná ficaram entre R$ 1,028 (BRs-116/376 e 101 entre Curitiba e Florianópolis; R$ 1,364 (BR-116 entre Curitiba e São Paulo); e R$ 2,54 (BR-116 entre Curitiba e Porto Alegre), vencido pela empresa espanhola OHL, os críticos do pedágio no Paraná intensificaram as pressões sobre as concessionárias que já operam rodovias no Estado. A alegação é de que os preços definidos no leilão comprovaram que as tarifas cobradas no Paraná atualmente, que chegam a R$ 10,60 entre Curitiba e Matinhos, são abusivos e precisam ser revistos.

As concessionárias se defenderam afirmando que os novos trechos licitados tem características muito diferentes, com maior fluxo de veículos. E que as concessões realizadas no final dos anos 90 pelo governo Jaime Lerner surgiram em um momento em que o País vivia uma crise financeira. Além disso, as empresas acusaram o governo Requião de não querer negociar, utilizando a polêmica apenas por interesse político.
O governador reagiu ontem afirmando estar disposto a negociar. Mas defendeu que esse diálogo seja intermediado pela Assembléia. “A Comissão de Fiscalização da Assembléia pode intermediar essa negociação, mas em reunião aberta, transmitida ao vivo pela TV Educativa”, afirmou.

A idéia foi bem recebida pelos deputados. Ex-secretário dos Transportes do governo Lerner, o atual presidente da Assembléia, deputado Nelson Justus (DEM), declarou que a Casa está pronta para colaborar nesse caso. “A Assembléia pode fazer esse papel de intermediação”, disse.

O presidente da Comissão de Fiscalização, deputado Artagão Júnior (PMDB), lembrou que já existe uma Comissão Especial de Investigação sobre o pedágio na Casa. “Vou buscar informações da CEI. A Comissão de Fiscalização está há disposição”, garantiu.

A CEI pretende ouvir os representantes das concessionárias nos próximos dias. Na reunião de amanhã, o deputado Fernando Ribas Carli (PP) pretende propor que a comissão entre com uma ação civil pública contra as concessionárias. “O resultado do último leilão mostrou que o pedágio no Paraná é seis vezes maior do que em qualquer outro pedágio do País”, alegou. Segundo ele, a CEI pretende tentar um acordo com as concessionárias, mas se isso não for possível, vai buscar a redução das tarifas na Justiça.