A Primav Ecorodovias lançou a primeira distribuição pública de notas promissórias para comprar a concessionária Rodovias dos Cataratas no Paraná. A empresa estima arrecadar R$ 430 milhões com a emissão de 215 notas promissórias no valor unitário de R$ 2 milhões. Com a compra da concessionária paranaense, a Ecorodovias vai aumentar, por ano, em 9, 9 milhões o volume de tráfego e em R$ 104,5 milhões seu faturamento. Com a Cataratas, de 387,1 quilômetros, a concessionária passa a administrar 1.324,4 quilômetros de rodovias nos estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. E de 41 milhões passará a ter 50 milhões de veículos utilizando suas estradas.

O diretor de finanças da Ecorodovias, Marcello Guidotti, disse que o governo do estado do Paraná já havia emitido parecer favorável ao negócio. “Como é uma concessão estadual, os órgãos jurídicos da administração já permitiram a compra. Não há impedimentos”, disse Guidotti a este jornal.

O executivo ressaltou que a decisão de lançar uma distribuição pública de notas promissórias foi a “melhor opção para o momento além de estar livre de garantias”.E acrescentou: “Mesmo com sócio italiano, preferimos a modalidade ao invés de trazer recursos do exterior. O custo do dinheiro é o mesmo, só que o financiamento externo teria o risco cambial. Assim, preferimos as notas promissórias”, disse Guidotti. Pela proposta de distribuição, as notas promissórias terão vencimento de 360 dias a contar da data de emissão. A empresa tem como um dos sócios o grupo italiano Impregilo Spa, dono de 35% do capital.

Guidotti afirmou, ainda, que a Ecorodovias avalia negócios na área de logística e compra de outras concessionárias de rodovias. “Além dos projetos governamentais em curso, como o Rodoanel em São Paulo”, disse o executivo. Segundo ele, a empresa estuda o edital do trecho oeste do rodoanel e deve apresentar proposta na licitação. “É um projeto importante, pelo volume de tráfego. Apesar do valor alto de outorga que prevê o edital”, acrescentou. O governo paulista lançou esta semana a licitação e estipula uma outorga de R$ 2 bilhões, pagos em três anos, que serão investidos no trecho sul do Rodoanel.

Guidotti ressaltou que o modelo adotado pelo governo paulista não difere muito do proposto pela União no leilão dos sete lotes de rodovias federais. “Apesar do governo federal não estabelecer a outorga, havia descrito o valor do investimento a ser feito em cada rodovia. Muda-se o nome, mas o conceito é o mesmo”, disse.

O empresário argentino Franco Macri, que controlava a Rodovia das Cataratas, comprada pela Ecorodovias – chegou a ter várias companhias no Brasil entre elas a Chapecó e a Massas Adria. A Rodovia das Cataratas era um de seus raros negócios no País. Macri preferiu concentrar esforços e investimentos no projeto em associação com a fabricante chinesa de automóveis Chery, no Uruguai. Havia colocado à venda a concessão paranaense em 2005. Difícil era encontrar compradores em meio ao tiroteio da disputa entre o governador Roberto Requião (PMDB) e as concessionárias de todo o Paraná para baixar as tarifas, uma das mais altas do país. Requião volta e meia ameaçava as empresas com a cassação das concessões. A Rodovia das Cataratas chegou a reduzir suas tarifas em 30%. Hoje, esse quadro de insegurança está mais distante porque o governo paranaense perdeu quase todas as ações que impetrou contra as concessionárias e os contratos parecem mais fortes do que nunca. Franco Macri chegou a investir R$ 300 milhões na operação da rodovia e, ao que consta, não chegou a ver a cor do lucro.

Rico corredor
Com 387 quilômetros de extensão e em boas condições de tráfego, a Rodovias das Cataratas liga Foz do Iguaçu a Guarapuava, a 250 quilômetros de Curitiba. É a rota que faz a conexão com o Porto de Paranaguá e atravessa uma das regiões mais ricas do País, grande produtora de soja e milho. A CCR, as espanholas Sacyr e OHL e um grupo de investidores paranaenses chegaram a apresentar propostas ao Grupo Macri.

De acordo com informações do DER (Departamento de Estradas e Rodagem), órgão da Secretaria de Estado dos Transportes, a Rodovia das Cataratas pertencia ao consórcio formado pelas empresas Civilia Engenharia Ltda, detentora de 84,48%; Roplano S/A, com 14,64%; e Momento Engenharia Ltda, com 0,88%.