Motoristas que trafegam diariamente pela Rodovia “João Leme dos Santos”, a SP-264, que liga a cidade de Sorocaba a Salto de Pirapora, com 17 quilômetros de extensão, reclamam dos buracos abertos na nova camada asfáltica recém implantada em determinados pontos, além da péssima sinalização horizontal; da não continuidade do acostamento em alguns trechos, e de desníveis no solo.
Iniciadas no final do mês junho, as obras de recuperação da rodovia incluem serviços de recapeamento da pista, implantação de faixa adicional, pavimentação de acostamentos e dispositivos ao longo da via. Com um investimento aproximado de R$ 13,9 milhões, a previsão é que o serviços fiquem prontos em maio de 2007. A reportagem do Cruzeiro do Sul percorreu toda área e constatou que os serviços realizados já apresentam problemas e que as principais queixas se justificam.
Logo no inicio da rodovia, sentido Sorocaba-Salto de Pirapora, no lote de obras do km 102 ao 110, assumido pela empresa paranaense Ivaí Engenharia de Obras S.A., que venceu a licitação para reparos na rodovia por um custo superior a R$ 7 milhões, os motoristas trafegam por trechos de má sinalização sendo que em determinados pontos, a pintura no solo não existe.
O acostamento, que não está pronto, é usado como uma terceira faixa no sentido oposto. Isso preocupa quem trafega pelo local. “Vejo várias carretas realizarem ultrapassagens arriscadas por um pequeno espaço de pista. Ninguém sabe, ao certo, o que é acostamento e o que é faixa de trafegabilidade”, apontou o comerciante Jorge Luiz.
Ainda no sentido Sorocaba-Salto de Pirapora, no trecho próximo à chácara “Santa Maria”, a situação melhorou após os moradores do residencial reivindicarem, junto ao Departamento de Estradas e Rodagem (DER), a pintura e a sinalização de uma entrada em frente ao condomínio. “Antes, isso era uma vergonha. Já cheguei a esperar uns três minutos para ter acesso ao portão principal da guarita, pois não havia como contornar para entrar no residencial. As coisas melhoraram um pouco, mas ainda falta muito”, destacou uma moradora.
A partir do km 110 ao 115 da rodovia, que recebe reparos da empresa Vale do Rio Novo Engenharia e Construções Ltda., vencedora da licitação dos trabalhos nesse trecho por R$ 3 milhões, a situação é pior. Próximo a entrada do bairro Green Valley, o acostamento existente é metade asfalto, metade terra. “Um absurdo! na semana passada precisei desviar de um caminhão Scania e acabei saindo ao acostamento. Senti o carro trepidar e percebi que havia entrado num verdadeiro terrão. Até quando isso permanecerá assim?”, questionou o fresador José Henrique.
Um outro local onde as reclamações se acentuam está entre os trechos da pista que não possuem pinturas que diferenciam um sentido do outro, conhecidas como “faixas de trafegabilidade contínua”. “Elas simplesmente acabam de uma hora para outra. À noite, você não sabe se está na esquerda ou na direita da via. Com chuva, então, isso aqui fica horrível. Dá até medo”, frisou um motorista, que parou para reclamar quando avistou a equipe de reportagem, mas preferiu não se identificar.
Salto de Pirapora-Sorocaba
Mais adiante, no sentido inverso, a situação é crítica. Buracos estão se abrindo em determinados trechos recém asfaltados. Por causa das chuvas é possível avistar, até mesmo, poças d’água que ilustram o problema. “O asfalto está todo furado. Inclusive, por causa desses buracos, uma pedra atingiu o pára-brisa da minha caminhonete. Temos que tomar cuidado com a pista e, ainda por cima, pagar por danos em nossos veículos”, salientou o comerciante Roberto Reis Rolim.
Ao trafegar ainda pelo sentido Salto de Pirapora-Sorocaba, é possível constatar outros dois problemas: o acostamento e desníveis na pista. Como as obras seguem em ritmo lento, os motoristas alegam que eles (os problemas) deveriam ter solução imediata.
O primeiro diz respeito ao acostamento, quando existe. Em determinados trechos, principalmente na altura dos quilômetros 114 e 115, há uma espécie de minilombada, que provavelmente fora colocada para sinalizar o trecho e alertar os veículos a diminuírem a velocidade. Serve também para apontar que o local não pode ser usado para ultrapassagens, já que a pista, nesses pontos, não tem sinalização alguma.
O segundo problema, no mesmo trecho, refere-se à diferença no desnível da pista para o acostamento de terra. É possível constatar uma diferença de até 30 cm formando um degrau entre o asfalto e a terra. “Imagina o motorista que precisa encostar o carro nesse pedaço durante à noite. Se o cara vier em alta velocidade, tomba o veículo”, ressaltou o caminhoneiro Evaldo Francisco.
O terceiro lote de obras na “João Leme dos Santos”, que inclui o trecho entre os km 115 e 119, já na cidade de Salto de Pirapora, está com os trabalhos desenvolvidos pela Ellenco Construções Ltda., que venceu a licitação por R$ 3,7 milhões, em ritmo lento. Segundo um funcionário da pavimentadora, isso acontece devido às fortes chuvas que caem na região.
A diretoria operacional da Ivaí Engenharia de Obras S.A., em Curitiba, disse não ter informações sobre os problemas apontados pela reportagem e que, para ela, deveria questionar diretamente o DER. Já na Vale do Rio Novo Engenharia e Construções Ltda., nenhum responsável pela execução das obras foi localizado para comentar o assunto.
Segundo a assessoria de imprensa do DER, os trechos danificados poderão ser refeitos se comprovados, através da vistoria de técnicos do departamento em toda a extensão da rodovia, que tem o término das obras previsto para maio deste ano. A assessoria informou, também, que outro superintendente do DER deverá ser nomeado no começo da semana que vem pelo novo secretário estadual dos Transportes, o engenheiro Mauro Guilherme Jardim Arce. Isso deverá dar agilidade e continuidade aos trabalhos na região.