Sindicatos e empresários do setor rodoviário em São Paulo receberam com ressalvas, nesta terça-feira (11), a notícia da cobrança do pedágio no Trecho Oeste do Rodoanel por R$ 1,1684. Para os representantes da categoria, o receio é de que reformas ou outras necessidades de alteração no contrato com o governo acabem por aumentar o valor anunciado.
Para Almir Macedo Pereira, presidente do Sindicato dos Funcionários das Empresas de Transporte de Cargas Secas, se a pista for boa e manter a segurança e o apoio necessários ao motorista, o valor anunciado para o Rodoanel não será protestado pelo setor. “O problema é que a gente precisa ver se esse preço vai ser mantido ou se eles vão fazer uma reforminha antes e, em seguida, aumentar o valor usando a obra como justificativa”, disse.
Para ele, o valor proposto pelo Consórcio Integração Oeste é considerado “bom”. “Rodovias como a Imigrantes e Bandeirantes têm um pedágio muito caro. Se esse valor [anunciado nesta manhã] for mesmo o que vai passar a valer, acho que é barato”.
Valor pode ser alterado
Caso a proposta feita nesta terça seja aprovada, uma vez que o consórcio ainda vai passar por avaliação da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), o pedágio só passará a ser cobrado em novembro. O valor, no entanto, diz respeito a cálculos referentes a julho de 2007 e deve sofrer um reajuste no mesmo mês deste ano conforme as regras da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp). A nova tarifa deve ser calculada com base no IPCA.
De acordo com o presidente da Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), que possui 95% do consórcio, Renato Vale, a empresa trabalha com uma projeção que o IPCA fique em torno de 4,5%, daí R$ 1,22.
Questionado sobre esse provável reajuste antes mesmo de a tarifa passar a vigorar, o governador José Serra (PSDB) preferiu não comentar o assunto. “Vocês estão querendo apressar a conversa”, disse aos jornalistas em entrevista no Palácio dos Bandeirantes, na Zona Sul da capital paulista.
Revisão do pedágio
Para o ex-presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de São Paulo e Região (Setcesp) e atual proprietário de uma das maiores transportadoras de carga do estado, Urubatan Helou, a proposta de pedágio feita no leilão desta terça-feira mostra que os valores cobrados atualmente nos pedágios de várias rodovias de São Paulo são excessivamente altos. “O que me causa espanto é que uma concessionária consiga cobrar R$ 1,16 em uma via e em outras cobre dez vezes mais que isso. São contratos (os firmados anteriormente com concessionárias) que precisam ser revistos”, afirmou.
Norival de Almeida Silva, presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo, concorda com o empresário. Para ele, o valor oferecido para pedágio no Rodoanel mostra que “o sistema tem condições de administrar e dar acessórios de necessidade para o motorista com esse valor (R$ 1,1684)”.