A integração da infra-estrutura sul-americana está mais próxima do que nunca. Mais de 50% das obras da rodovia Interoceânica, que vai ligar a fronteira brasileira no Acre a três portos peruanos no Oceano Pacífico já estão prontas. Com isso, a previsão de término da obra, prevista para 2010, final do governo Lula, não está apenas em dia, como pode até ser antecipada, pois o governo incluiu no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) projetos de recuperação das rodovias que darão acesso à estrada peruana.
Entre as rodovias incluídas no PAC e que fazem parte do processo de integralização da América Latina e da Transoceânica estão a rodovia que liga Manaus a Porto Velho, para escoar a produção da Zona Franca para o porto peruano no pacífico, e a rodovia que liga o Mato Grosso a Rondônia.
O novo acesso facilitará o escoamento das exportações ao continente asiático, dispensando a demorada passagem pelo Canal do Panamá, além de gerar vendas de equipamentos e serviços brasileiros. “Será três vezes mais rápido exportar pelo Peru do que pelo porto de Santos ou pelo porto de Paranaguá”, destacou o secretário de Planejamento do Estado do Acre, Gilberto Siqueira.
Empresas correm
Empresas brasileiras começam a se instalar ao longo da BR-317, que vai até a fronteira com o Peru, para aproveitar a nova saída para o Oceano Pacífico. “Desde que começamos as obras, no ano passado, já se instalaram uma usina de álcool, uma fábrica de piso para exportação, um frigorífico de frango caipira para exportar para o Peru, e uma fábrica de preservativo masculino. Ao todo, foram mais de R$ 100 milhões investidos. A estimativa é que este número cresça exponencialmente nos próximos dois anos com a finalização dos últimos trechos da obra”, destacou o secretário de Planejamento do Estado do Acre. “O acesso mais rápido incentiva a ampliação das exportações para Japão, China e Índia”, enfatizou o sub-secretário de Planejamento do Estado do Acre, Marcos Alexandre Aguiar.
Em 2005, o Estado do Acre exportou US$ 18 milhões. Depois da inauguração da Ponte que liga ao Peru, e da finalização de alguns trechos da Transoceânica, somente no primeiro semestre do ano passado, a região da fronteira exportou R$ 20 milhões. “O objetivo dessa abertura de mercado na fronteira Assis Brasil é exportar, no futuro, para a Ásia carne, produtos florestais, soja e artigos manufaturados”, destacou o secretário de Estado do Acre. Além do escoamento de produtos agrícolas das regiões Norte e Centro-Oeste, a rodovia Interoceânica deverá facilitar a saída de bens produzidos na Zona Franca de Manaus.
Uma das empresas que estão de olho na construção da rodovia é a Expresso Araçatuba. “O Expresso Araçatuba acredita tanto nesta integração Brasil-Peru, que há dez anos realizou a primeira viagem do Projeto-Pacífico, que tinha o objetivo de viabilizar a ligação rodoviária entre o Brasil e o Oceano Pacífico, por meio de rotas pouco exploradas nas regiões Centro-Oeste e Norte”, afirmou o diretor-geral da empresa, Oswaldo Castro Jr. “Atuamos regularmente nesta região e, com a rodovia interoceânica construída, teremos como ampliar as fronteiras dos nossos negócios também. Esta rodovia vai agilizar e ampliar o comércio entre os países, principalmente pelo giro rápido dos caminhões que cruzarão o Brasil e o Peru”, completou.
Extensão
A rodovia como um todo terá 2,6 mil quilômetros de extensão, ligando o município fronteiriço de Assis Brasil (AC) ao Oceano Pacífico. Do lado brasileiro da Estrada do Pacífico foi concluído com o asfalto da pista e a inauguração da ponte que liga Assis Brasil a Iñapari, passando sobre o rio Acre. A partir dali até Cuzco, são outros 710 quilômetros que serão asfaltados até 2009, ligando a Amazônia à Cordilheira dos Andes para consolidar a integração do Brasil com o Peru.
Com um custo estimado em US$ 694 milhões, os 710 quilômetros foram divididos em três sub-trechos que estão sendo construídos pelo Consórcio de la Infraestrutura de Integración Sur Americana (Conirsa). O consórcio é composto pelas empresas peruanas JJC Contratistas, Inginieros Civiles y Contratistas General (ICGSA) e Graña y Montero, lideradas pela empresa brasileira Norberto Odebrecht, vencedoras da licitação realizada em 25 de junho do ano passado.
No Brasil, o trecho da rodovia BR-317, cerca de 110 Km, que sai de Assis Brasil até a divisa com o Peru é popularmente chamado de “Estrada para o Pacífico” e foi pavimentado, em 2002.
Em valores atuais, segundo o Ministério do Planejamento, a pavimentação do trecho de Assis Brasil até a fronteira recebeu investimentos da ordem de R$ 98 milhões, recursos do Tesouro Nacional (90%) e do governo do Acre (10%). No Peru, é composta de duas estradas, já que se subdivide em dois ramos para integrar as regiões sul e central do Peru com o Brasil.