Está em estudo na Baixada Santista a construção de um túnel submarino para ligar Santos ao Guarujá. O túnel seria usado apenas por automóveis, bicicletas e ônibus. Caminhões não poderiam circular nele. Para garantir a segurança dos navios que usam o Porto de Santos, o túnel precisa ser feito a 25 metros de profundidade.

O túnel teria quatro faixas de rolamento – duas em cada direção – e teria ainda uma faixa exclusiva para bicicletas. Em média, 11.115 ciclistas usam as balsas diariamente, entre Guarujá e a Ponta da Praia.

Com o túnel, o tempo para a viagem entre as duas cidades cairia para um minuto. Hoje, aguardam-se 20 minutos, em média. Na alta temporada, a espera ultrapassa uma hora, nos períodos de pico.

O único túnel sob água em São Paulo é o Túnel Jânio Quadros, sob o Rio Pinheiros, na altura do Morumbi.A obra, feita pela Construtora Camargo Côrrea, começou em 1987 e o túnel só foi inaugurado em 1994. São 1.900 metros de extensão, com 1.840 lâmpadas, ligando a Avenida Juscelino Kubitschek as avenidas Lineo de Paulo Machado e Engenheiro Oscar Americano. Este túnel é o único da cidade que diariamente tem seu sentido de direção invertido, das 4h30 às 9h30, para atender o fluxo dos moradores do Morumbi e arredores em direção ao centro.

Deputado tucano lidera frente parlamentar pró-túnel

As análises estão sendo feitas pela Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), que pertence ao governo do estado, e pelo Instituto Metropolitano de Pesquisas Acadêmicas e Consultoria Técnico-Operacional (Impacto), com apoio de universidades da Baixada. O presidente do Impacto é o deputado estadual Paulo Alexandre Barbosa (PSDB). Ele lidera na Assembléia Legislativa uma Frente Parlamentar em Defesa da Construção do Túnel.

Os primeiros resultados serão apresentados em audiência pública na próxima quinta-feira. O estudo indica que o túnel deveria seguir, sob o solo marinho, o mesmo trajeto das balsas nas travessias marítimas atuais.

Se o túnel seguir o trajeto das balsas, poderá evitar desapropriações de imóveis. Para os defensores do túnel, além da crescente valorização imobiliária do entorno, o túnel estimularia a atividade comercial e revigoraria as regiões atendidas.

– Há a perspectiva de uma tarifa menor que a das balsas. O túnel deve ter o custo pago em quatro ou cinco anos – diz o coordenador do estudo, Hélio Hallite, referindo-se ao pedágio que será cobrado.

A obra custaria entre R$ 275 milhões a R$ 327 milhões e entre 2 e 3 anos para ser concluída. Hallite lembrou que neste ano foi inaugurado na Noruega o Eiksund Tunnel, o mais profundo do planeta (287 metros da superfície) e com 7.765 metros de extensão (quase oito quilômetros).

Em 1997, o ministro dos Transportes Eliseu Padilha autorizou as prefeituras de Santos e Guarujá a começarem a formar um consórcio para a construção e a operação de um túnel submarino entre as duas cidades. O custo estimado da obra era R$ 110 milhões.

A audiência pública deve contar com a presença do presidente do Comitê Brasileiro de Túneis, Tarcísio Barreto Celestino. Ele foi responsável técnico de obras como a do Túnel Jânio Quadros, sob o Rio Pinheiros, em São Paulo. Celestino.

Caminhão ficaria de fora

Para o coordenador do estudo, Hélio Hallite, o túnel não deve ainda incluir a movimentação de cargas para o Porto de Santos. A maior rapidez em se atravessar o mar pelo túnel geraria uma sobrecarga no eixo viário. Para atender o porto poderia ser feito um segundo túnel.

O túnel não poderia receber caminhões porque o transporte de cargas entre as duas margens do cais é geralmente feito em caminhões velhos e poluentes. Num ambiente fechado, como um túnel, a emissão de gases tóxicos pode ser nociva. Atualmente, nos dias úteis, motoristas de caminhões com dois e três eixos e com reboque ou semi-reboque podem utilizar as balsas.