Desde que as obras de duplicação do trecho Sul da BR-101 iniciaram, a rotina de quem vive às margens da rodovia ou de quem utiliza a pista todos os dias nunca mais foi mesma. Uma boa dose de paciência e muita atenção têm sido os fiéis companheiros para driblar os transtornos causados pela obra enquanto seus inúmeros benefícios não chegam. Exemplo de exercício diário de calma e alerta é o trevo de acesso Sul a Criciúma, no bairro Verdinho. A sinalização precária é a principal reclamação de motoristas e pedestres.

Morador de Maracajá, o agricultor Rogério Genuíno, 29 anos, no final da tarde de sexta-feira se deslocava de Forquilhinha a Morro da Fumaça. Pouco antes de chegar ao trevo, precisou parar a motocicleta que conduzia para pensar como e onde deveria fazer o retorno para entrar na pista da BR-101. “Antes o retorno era aqui. Agora não sei para onde vou. Tá muito esquisito, acho que poderia ter mais sinalização. Na própria estrada, à noite, está muito difícil porque muda a pista muito rápido”, afirma Genuíno. A dúvida dele, e de tantos outros se referia também a uma parte do trevo antigo, que acabou ficando aberta, dando a ilusão de uma outra via.

Tráfego confuso para motoristas

No momento em que a reportagem de A Tribuna fazia a abordagem no local, dois caminhões, um vindo do norte, em direção a Porto Alegre, e outro que fazia o trevo, quase se chocaram, não fosse a buzina do primeiro chamar a atenção.

Se para os motoristas a situação no local está confusa, para os pedestres a dimensão dos problemas é um pouco maior. Pelo menos é o que pensam os moradores da localidade. O açougueiro Luis Egeu de Souza, 41 anos, mora às margens da rodovia. Como trabalha em Criciúma, diariamente precisa cruzar a pista para ir e voltar do trabalho, algo que ficou complicado há aproximadamente dois anos, quando os refúgios para os ônibus precisaram ser retirados em função da obra. Agora as paradas mais próximas estão no trevo da Quarta Linha, cerca de oito quilômetros de distância e próximo de Maracajá, mais oito quilômetros aproximadamente.

Da onde Souza salta até sua casa são aproximadamente 800 metros, mas em função do movimento intenso e do excesso de velocidade dos veículos, são quase uma hora para completar o percurso a pé. “Antes tinham duas paradas, mas com a duplicação tiraram e ficou muito ruim. Minha família e a maioria que mora aqui dependem de ônibus. Como conhecemos o motorista, às vezes, ele já deixa mais perto. Mas está bem complicado. Falta sinalização de velocidade também. É um perigo muito grande. À noite, mesmo, nos guiamos pelos faróis dos carros”, declara o açougueiro.

DNIT pede aos motoristas que tenham paciência

Paciência. Este é o pedido do engenheiro do Departamento Nacional de Infra-Estrutura (DNIT), Alvani de Sá, para as pessoas que são afetadas pelos transtornos das obras de duplicação. “Quase não recebemos reclamações, mas vamos verificar esta situação no trevo do Verdinho. As pessoas precisam ter paciência e atenção pelo menos até que fique pronta a obra. As paradas, por exemplo, têm coisas que não tem como resolver. Alguém sempre vai ficar prejudicado por um período, mas é por benefício maior”, ressalta o engenheiro. Até a próxima semana, Sá garante que os técnicos vão analisar o local. “Pedimos para que as pessoas também entrem em contato conosco. Estamos sempre a disposição. Podem ligar ou até mesmo ir até o DNIT”, salienta. O telefone do DNIT, que na região está localizado em Tubarão é o (48) 3626-3342.

Ainda na sexta-feira foram liberados mais três quilômetros de pista duplicada em Içara. O trecho pertencente ao lote 27 vai do quilômetro 385 até o quilômetro 288, final do lote de obras da empresa Queiroz Galvão. Ao todo foram liberados 44,3 quilômetros de segmentos de pista duplicada no trecho catarinense das obras de duplicação da BR-101 Sul. A previsão é que 70% das obras estejam concluídas até o final deste ano.