A concessão dos sete lotes de rodovias ou 2,6 mil quilômetros de estradas federais à iniciativa privada, com leilão marcado para esta terça-feira (9), começa com tarifas básicas em valores razoáveis, acredita a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC). Com valores-teto variando entre R$ 2,68 a R$ 4,18, os preços seriam compensatórios se feito o cálculo que contrapõe gastos de manutenção dos veículos às condições das estradas.


Os cálculos da NTC apontam que, para os transportadores, o preço pago por eixo de caminhão a cada quilômetro está até abaixo dos padrões aceitáveis. Dos sete lotes, o mais caro, na BR-393 (entre Minas Gerais e Rio de Janeiro), sairá por R$ 0,06, enquanto estipula-se que um valor entre R$ 0,07 e R$ 0,08 é o ideal, levando-se em consideração as condições do pavimento e os gastos com manutenção do caminhão.

Nos três trechos compreendidos pelo Paraná, estes valores variam entre R$ 0,037 (BR-376), R$ 0,04 (BR-116 PR/SP) e R$ 0,041 (BR-116 PR/SC). A média dos sete lotes é de R$ 0,047. “São tarifas boas. Agora vamos ver se as grandes concessionárias entram e assumem”, aguarda o superintendente técnico da NTC, Neuto Gonçalves dos Reis.

Já o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Paraná (Setcepar), Fernando Klein, vê armadilhas nos editais que dariam chance para a renegociação de valores mais tarde. “Fizeram estudos de medição de tráfego, só que com base em dados desatualizados. Isso poderia reduzir a tarifa e dar margem de argumentação às concessionárias. Também há obras quantitativas do edital que são meras suposições, porque não existem projetos para elas, e nos mesmos consta que alterações nos encargos do Programa de Exploração Rodoviária (PER) serão objeto de equilíbrio econômico financeiro. Isso coloca em dúvida a lisura do processo”, contrapõe.

A Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR), porém, se abstém de comentar, por enquanto, a viabilidade das tarifas-teto. “Só se mostrarão adequadas ou não com o resultado do leilão; ou seja, temos que aguardar o resultado do certame e a partir daí vai valer a competência de quem vai operar a rodovia para saber se vai dar lucro ou não”, afirma o diretor da entidade, João Chiminazzo. No entanto, para ele, o cenário econômico atual pode ser influência positiva. “O novo programa está sendo lançado em outro momento econômico do Brasil, com taxas de juros menores, inflação controlada e pelo menos o governo federal tem dado demonstrações de que respeita os contratos”, diz o diretor.