Em meio a paralisação, há também troca de acusações entre sindicato dos rodoviários e da classe patronal. Trabalhadores dizem que existe trabalho escravo, donos de empresas negam e atacam o presidente do Sincotrap

Segundo o Sincotrap, apenas 130 ônibus estã circulando em Macapá, quando o necessário seriam 180 veículos. Não bastasse essa deficiência em média 30 veículos estariam paralisando por dia em razão de problemas mecânicos devido à situação das ruas e avenidas da cidade. A denúncia está sendo feita pelo Sindicato dos Rodoviários (Sincotrap), para justificar a paralisação dos motoristas e cobradores de ônibus que teve início nesta quinta-feira, 24.

Além dessas questões o sindicato afirma ainda que em algumas empresas ? os trabalhadores estariam sendo submetidos em média a 12 horas de trabalho quando o correto são 7 horas. A categoria exige também 10% de reposição das perdas salariais.

Bruno Souza, membro da direção do Sincotrap afirma que a situação dos trabalhadores das empresas de ônibus em Macapá é desumana. Segundo eles nos terminais de ônibus não há banheiro, água e o tempo de parada vem sendo cada vez mais reduzido.

– O rodoviário hoje é tratado como bicho. Tem vários companheiros nos hospitais em razão das condições de trabalho. Estamos fazendo uma campanha denunciando trabalho escravo nas empresas de ônibus- afirma Bruno.

De acordo com o dirigente do Sincotrap as empresas trabalham com veículos velhos, que prejudicam a saúde dos trabalhadores, no entanto só a empresa União Macapá teria lucro de R$ 3 milhões por mês.

As denuncias provocaram a reação do Sindicato das Empresas de ônibus do Amapá (Setap). A classe patronal acusa o presidente do Sincotrap, Joinville Frota, de usar a categoria para fins políticos. Frota e filiado ao PSTU e já disputou várias eleições no estado sem ter logrado êxito em nenhuma delas.

As empresas também rebatem denúncias de que estaria havendo trabalho escravo e decidiram entrar com uma ação contra a direção do Sincotrap. O Setap também acusam Frota de negociar uma situação com os trabalhadores e outra com as empresas. Frota teria assinado um acordo pedindo 6% de reajuste porém fala em 10% para a classe trabalhadora.

A greve no transporte coletivo em Macapá é por tempo indeterminado. Para evitar maiores transtornos a população, motoristas e cobradores decidiram que a paralisação se dará da seguinte forma: de 08hs. às 12hs e entre 15hs e 18hs.

A greve no serviço de transporte coletivo em Macapá acontece ao mesmo tempo que as greves de professores, policiais civis, servidores do Ibama, enfermeiros e docentes da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP).