Uma reportagem do Diário de S.Paulo mostra que São Paulo tem 18,5 km de túneis que passam sob avenidas, ruas, praças e até sob o Rio Pinheiros. Durante duas semanas, o repórter Júlio César Barros percorreu os túneis da cidade e anotou os principais problemas. A maioria deles não possui extintores de incêndio, hidrantes, sistema de exaustão e insuflação de ar ou sinalização de rota de fuga em caso de acidente. Vândalos roubam os equipamentos destinados a combater incêndio e comprometem o socorro em caso de acidente.
A reportagem mostra, porém, que a lei que obriga a administração pública a colocar dispositivos de segurança só entrou em vigor em 2001 e só dois túneis se encaixam nesta categoria, o Max Feffer (Cidade Jardim) e o Fernando Vieira de Melo (Eusébio Matoso). A lei não obriga a Prefeitura a atualizar construções antigas e anteriores a 2001.
Dos 15 túneis visitados pelo repórter, sete tem mais de 1 km de extensão. Pela nova lei, deveriam ter rotas de fuga e hidrantes a cada 60 metros. No túnel Ayrton Senna, o mais extenso da cidade, (1,95 km) falta extintor e mangueira. No Jânio Quadros, que fica na Juscelino Kubitscheck, além de extintor e mangueira, falta rota de fuga. No Túnel Sebastião Camargo, que passa por baixo do Rio Pinheiros e tem 1,170 km, falta extintor, mangueira, rota de fuga e a iluminação é precária. No túnel Maria Maluf, na Avenida Tancredo Neves, faltam todos os itens pesquisados: extintor, hidrantes, mangueiras, rota de fuga, corrimão e a iluminação é precária.
O Capitão do Corpo de Bombeiros Ivanovitch Simões Ribeiro, que faz parte do grupo de prevenção de incêndio especializado em túneis rodoviários, diz que o maior risco são incêndios e a fumaça, que causa intoxicação e mata.
Sem dúvida, a extração da fumaça é a principal das prioridades. E este item é a maior deficiência de nossos túneis – afirmou.
Na Europa, em 1999 um caminhão-tanque explodiu dentro do túnel Mont Blanc, que liga França e Itália e tem 11,6 km de extensão. O acidente causou 39 mortes por asfixia ou intoxicação. A tragédia levou a Comunidade Européia a adotar medidas de segurança na construção de túneis.