A velocidade máxima de todas as vias do Distrito Federal será revista. Os limites atuais serão aumentados, mantidos ou até mesmo reduzidos, em alguns casos. O Eixo Rodoviário será a primeira rodovia analisada pela nova gestão do Departamento de Trânsito (Detran). Trata-se de uma das pistas mais perigosas do DF, que ficou conhecida por Eixão da Morte até a década de 90, por conta do alto índice de acidentes e mortes ali registrados.

Logo depois de ser indicado para o cargo, em dezembro, o diretor-geral do Detran, Délio Cardoso, antecipou que alguns pontos teriam o limite máximo de velocidade ampliado. E citou o Eixo Monumental como exemplo. Depois da posse, Cardoso resolveu esperar a avaliação de sua equipe para divulgar os novos limites de velocidade das vias, que devem obedecer o Código Brasileiro de Trânsito (confira quadro). No Eixão, os técnicos vão analisar se a velocidade permitida, que hoje é de até 80km/h, deve sofrer alterações para aumentar a segurança e melhorar a fluidez do tráfego de veículos.

Especialistas em segurança do trânsito consultados pelo Correio lembram que os estudos são fundamentais às alterações das velocidades máximas das pistas. Mas temem que essas alterações, aliadas à retirada de pardais das ruas, resultem em aumento no número de acidentes. Délio Cardoso anunciou na terça-feira a substituição de 450 pardais por barreiras eletrônicas — a mudança será gradativa e começa na próxima semana (leia medidas ao lado).

“A barreira e o pardal são dois equipamentos com objetivos diferentes. A primeira é empregada para reduzir a velocidade em um ponto específico, nas proximidades de uma escola, por exemplo. Já o pardal é usado para controlar a velocidade ao longo de toda a via”, explica o professor da Universidade do Vale do Itajaí, em Florianópolis, José Lélis de Souza. Ele é mestre e doutor em segurança de trânsito. “Não é tecnicamente indicado substituir um pelo outro. Houve uma proposta semelhante em Santa Catarina e não deu certo”, acrescenta.

No DF existem hoje 480 pardais, mas apenas 30 serão mantidos. “Queremos acabar com a quantidade de multas existentes hoje. E o que arrecadarmos tem de ser devolvido para a população em forma de benfeitoria”, defende o diretor-geral do Detran. Para o professor do Departamento de Transportes da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Antônio Santana, não há nada de errado com os pardais. “Essa história de indústria da multa já é antiga, mas os radares eletrônicos são sinalizados. Só quem está realmente acima da velocidade é penalizado”, defende.

Variações
Além da avaliação do Eixão, o Detran já adiantou que haverá mudanças na Estrada Parque Dom Bosco, Avenida das Nações e L4 Norte. “Minha proposta para restruturação da velocidade é evitar o efeito dominó. Em vias onde a velocidade máxima permitida está abaixo de 60 km/h, é comum que motoristas reduzam a velocidade ao longo do trecho”, explica Délio Cardoso.

O Código Brasileiro de Trânsito estabelece a velocidade máxima para cada tipo de pista. As vias de trânsito rápido, como o Eixão e os eixinhos, podem ter velocidade de até 80km/h. Nas vias coletoras, como as que cruzam as entrequadras residenciais, os motoristas só podem circular a no máximo 40km/h. “Para mudar a velocidade máxima, é necessário fazer um estudo detalhado e analisar as características da via”, explica o professor da Universidade de Brasília David Duarte.


OS LIMITES

A velocidade máxima nas vias urbanas é definida pelo Código Brasileiro de Trânsito. Veja o limite permitido em cada tipo de via:
• Vias de trânsito rápido: 80km/h
Exemplos: Eixão, eixinhos, estradas parque
• Vias arteriais: 60km/h
Exemplos: W3, L2
• Vias coletoras: 40km/h Exemplo: entrequadras
• Vias locais: 30km/h
Exemplo: pista interna das quadras, em áreas residenciais.