O Carnaval de 2007 chega ao fim marcado pela tragédia. Após a morte de sete pessoas em um acidente na manhã de segunda-feira, na BR-101, no Sul do Estado, quatro da mesma família perderam a vida cerca de 24 horas depois, na BR-116, em Correia Pinto, na Serra Catarinense.

A tragédia ocorreu por volta das 11h30min, no km 218 da rodovia. No momento, chovia forte na região. Um Clio com placas de Biguaçu, na Grande Florianópolis, onde estavam as vítimas, seguia no sentido norte/sul da rodovia.

Segundo informações repassadas à polícia por um motorista de Chapecó, que presenciou o fato, uma Besta de cor escura, que trafegava no sentido contrário, teria feito ultrapassagem em local proibido.

O condutor do Clio, para evitar a colisão frontal, desviou à esquerda, mas perdeu o controle do veículo, que saiu da pista e capotou duas vezes em um barranco de aproximadamente quatro metros de altura. O motorista da Besta fugiu.

Almiro de Souza Rodrigues, 56 anos, morador de Correia Pinto, voltava a pé de uma chácara nas proximidades pelo acostamento oposto. Ao ouvir a freada do Clio, olhou por baixo de alguns caminhões que passavam pelo local e ainda pôde ver o veículo onde viajava a família despencar barranco abaixo.

Ele e o motorista de Chapecó foram os primeiros a chegar no local do acidente. Segundo Almiro, uma mulher já estava morta. O condutor do Clio estava acordado. Outras duas mulheres e uma menina agonizavam, mas perderam a vida em poucos minutos, diante de seus olhos.

– Elas morreram na minha frente. Não havia mais o que fazer, a não ser chamar o socorro e lamentar o triste fim de uma família.

Bombeiros de Correia Pinto e Lages foram mobilizados para o resgate. Apenas o motorista, João Braz da Silva, 40 anos, estava vivo. Com ele, viajavam a esposa, Juliana Kathia Belegante da Silva, 34; a filha, Isabella Belegante da Silva, três; a mãe, Maria da Silva, 78; e a sogra, Érica Schneider Belegante, 77. As quatro morreram no local do acidente.

Local é um dos mais perigosos da rodovia

Os corpos das quatro vítimas foram levados ao Instituto Médico Legal (IML) de Lages, e ontem mesmo seriam entregues à família, residente em Biguaçu. João foi conduzido ao Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, em Lages, onde permanece internado.

Consciente e fora de risco, João Braz da Silva perguntou aos enfermeiros sobre os familiares. Até o fim da tarde, os médicos não haviam lhe informado sobre as mortes, e esperariam ele ficar melhor para dar a terrível notícia.

Graves acidentes, muitos deles com vítimas fatais, são comuns no trecho onde ocorreu a tragédia de ontem. No dia 26 de janeiro, no mesmo local, o lageano Valdir Albuquerque Machado, 31 anos, morreu em colisão envolvendo seu veículo.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Ponte Alta, responsável pelo trecho entre os quilômetros 162, em Ponte Alta do Norte, e 235, em Correia Pinto, considera justamente o km 218 um dos mais perigosos.

O Cartão de Ronda, que estabelece outros dois pontos críticos – km 235, também em Correia Pinto, e o km 165, em São Cristóvão do Sul -, orienta os policiais nos trabalhos de fiscalização.

Todos os dias, eles ficam cerca de uma hora e meia em cada um destes três trechos com o objetivo maior de evitar acidentes. Ontem, o veículo havia saído do local da tragédia 30 minutos antes. No km 218, a pista é bem sinalizada e de bom asfalto.

Asim, a causa principal da maioria dos acidentes é a imprudência dos motoristas. Mesmo com grandes retas, em alguns pontos a ultrapassagem é proibida, mas muitos condutores insistem em desrespeitar e arriscar a própria vida e a dos outros.